segunda-feira, 4 de abril de 2011

FNM -- FILOSOFIA NEGA MOVIMENTO?

Se você digita fnm aí no gooooogle, aparecem esses caras

que são os músicos do grupo Faith no more. Mas não vamos falar de incredulidade agora. Basta avisar que o Filósofo do Cerrado não é desiludido. Temos uma anedota e uma imagem para a filosofia aqui professada. E estes, sim, são os tipos heróicos esperados: o chofer, o chapa e um curioso.

Melhor com um pouco de cor, não é? Porque aqui, ele se pergunta e ele se responde no ato, por via das dúvidas nada cartesianas. Pois FNM é "esse caminhão da cara chata, o primeiro a ser produzido no Brasil, em tempos de JK, com tecnologia italiana dos "Arfa", no tempo em que know era igual "o cuma é + o cuma num é", em respeito a Popper e Feyerabend.


Senta que lá vem história, tipo road movie.

Foi por volta de 1967, na divisa dos estados de Minas e Goiás. Um velho caminhoneiro viajava com seu fenemê e, ao cruzar o rio Paranaíba, de tarde, falou para seu ajudante, um novato: "Amanhã temos que levantar cedo e sair antes que o movimento aumente do lado de lá, pois tem uma longa subida na saída para Sarandi e Bom Jesus." De fato, sairam cedo, ainda escuro. Na longa subida, com a carga toda, o lento fenemê foi reduzindo as marchas até cair naquela lerdeza, que dava pra descer, fazer um cigarro e depois alcançar o caminhão a pé. Faixa dupla o tempo todo, os guardas por ali e a fila foi se formando atrás do pioneiro da Mogiana naqueles sertões de poeira e maleita. Já quase vencendo o morro, o motorista escolado vê pelo retrovisor a fila quilométrica de carros e onze-trezes que eram obrigados a segui-lo a passo de cágado, sem poderem ultrapassar. O velho sorri satisfeito de sua própria esperteza, aguardando a aprovação do ajudante, e comenta: "Eu não te falei? Olha aí o trânsito que a gente ia pegar se não madrugasse..."


Mas o que é que tem a ver o cuca calça?-  diria o cumpá Pedro. A filosofia também é disso, de só responder o que ela mesma perguntou, de só levantar seu vôo de coruja quando o dia já era e de voltar as bolas sorteadas para dentro do globo do bingo. Como assim? Comendo assim a si, como a cobra que morde o próprio rabo e... pode sumir. Materialmente, não poderia, nem com o metabolismo mais maluco, mas graficamente pode, em animação pode e pode porque o autor do blog quer deixar possível.

Graficamente, assim, que nem desenhos doidos e bem calculados de Escher. Você já não sabe se está indo ou vindo, descendo ou subindo... ou... ou..., como dizia o Kiki.

A filosofia cai, sim, no jogo de espelhos. Pois a filosofia não é  brechó nem ferro-velho, mas lida com um discurso de segunda-mão. Sofisticado e eventualmente rigoroso, mas sem objeto próprio, sem dados frescos e outras frescuras metodológicas.

Um exemplo bem particular - mais da inépcia do narrador que do abandono da filosofia: o blogueiro novato está se esforçando para manter esse troço, mas sempre leva rasteiras do programa e procura não se estressar com a falta de visitas ao blog. Não interessa, diz obstinado. E que vai continuar a bolar posts, mesmo com poucos seguidores. Mas não resiste e... de vez em quando quer checar quantos acessos o blog tem tido. Recentemente viu sua audiência reduzida a um acesso por dia. Não se chateou e manteve acesa sua esperança que nem a fazendeira de Tara, que o vento levou.

Mas agora cai-lhe a ficha, na era dos cartões pré-pagos: aquele herói da resistência, aquele Adoniran no trem das onze, o último dos moedores de cana era... ele mesmo que averiguava sua própria produção digital encalhada!

Auto-referência? Redundância? Ou apenas um caso de MTP: muito tempo perdido?

Não, não... Só um caso de um velho motorista de fenemê, que já teve dias melhores na empresa do Nego Amâncio.

"E cê qué sabê do que mai? Ocê qué sabê do qué mai?!", como dizia Sá Carula, em Marvada Carne. Esse desenho de Escher de mão que desenha mão que desenha mão... não serve muito para a filosofia;
seria melhor imaginar que cada mão segura, em vez de lápis, uma borracha, para apagar, erase, nessa coisa do eterno deletar mútuo, esse processo de desconstr os sist d pens ocid e tb d t q é s e d n a....

Um comentário:

@rubensgns disse...

Dia Compadre.
Estava eu, aqui, agachado na sombra da paineira, entretido em picar um goianinho com meu canivete (lâmina de feixe de mola), até que mainei: Uai! Antão!
Mais o que que tem o cucas carça?
A questã do FNM eu conheço. Tudo era FNM toco recolhendo leite no cerrado ou carregando Caracu pra charqueda.
Mas, a lembrança é uma volta no começo, um laço em busca da rês perdida. Para os veião mais antigo, o caboclo que via uma cobra morder o rabo podia se considerar Bento: consagrado.
Alguma bamburrada o sujeito dá, de um jeito ou de outro.
Ouvi um causo que um tal de Kekulé sonhou com essa cobra e ficou famoso. Um outro, fazia escrita para o guaraná Frecha, eu acho, um tal de Poincaré, teve o mesmo sonho e foi o contador mais famoso das suas banda.
Esse povo antigo tinha umas crendice esquisita, mas havera de ter muita simpatia boa.
Um sujeito que vê a cobra morder o rabo, quando é fé, pode passar daqui para cemitério e vortá no FNM leiteiro.
Tinha uma fé antiga em que os padres cruzavam com a divisa da morte e voltavam sabendo coisa demais. Parece que desciam numa grota funda e lá topavam com umas cobras e um casal de posseiros das grotas: sô Hadis e dona Kore ou Korina, não me alembro.
Sei que só sai da grota quem canta pra amansar os bichos brabos, mas, se sai, vorta devoto e Bento.
Lá na Santa Sé do santíssimo Papa tem até um retrato:

Uma vez ouvi de um fazendeirão, muito devoto, que o começo e o fim são comuns na circunferência do circulo e que a morte do fogo é nascimento da água.
Nenhum companheiro de lida entedia bem dessas coisas, até que apareceu por lá um caboclo fazedor de feitiço. Anssim, numa prosa, falou que um tal de 'Ouroboros' era o esprito de uma sucuri que mordia o rabo. Quando aparecia num sonho de um peão, o companheiro morria vivo e nascia traveis, agora como Bento.
O FNM tem cara chata, mas a volta do leite é uma e a mesma, reta e curva. Mas, carece sempre de cantar uma moda e falar um segredo pra passar na porteira. Carece de ter a lembrança adubada e regada todo dia, mode não esquecer o segredo. Antão, há uma ladainha cantada para uma Santa Mnemosíne.
Uai, quanto mais velha, a cobra troca o couro e fica nova traveis.
Um Doutor da rua usa um medalhão com duas cobras enroladas num guatambu cauzdiquê o veveno mata e cura. Anssim a gente vai levando a lida, até completar a volta e aparecer como outra coisa nesse sertão de Deus, onde não tem FNM mas tem leite e mel e, quem sabe, muita rapariga formosa.