Qual é o tema? Idéias fora do lugar, inspiradas por livros fora do lugar.Ou seja,
O CONFLITO DAS FACULDADES
que, na verdade, denunciam
O CONFLITO DAS (MINHAS) FACULDADES MENTAIS
Antes, porém, vamos às obras que se tornaram famosas também por serem deixadas em estantes erradas.
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Essa obra sobre nossa história não deveria ficar ao lado de tratados da mandioca e da cenoura |
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Que vergonha para o jovem estagiário! Que mico pagam todos os que maliciam! |
De volta a Deleuze. Quem quiser um ótimo guia para entrar na catedral kantiana, pode contar com esse francês nosso contemporâneo. Ele entendeu a arquitetura do alemão e nos deixou esse precioso livro, cujo subtítulo é "a doutrina das faculdades". Desde entonces, pensava que "o conflito das faculdades" do próprio Kant tinha tratado das mesmas forças: imaginação, entendimento e razão em geral. Ledo engano o nosso. Vejam no que deu. São dois sentidos de "faculdade" bem conhecidos em nossa linguagem corrente. Mas os equívocos também são parte do esforço de compreensão. Admitam.
Enfim, para dar razão a Freud e Cia., o título de Kant indica aquilo que você não queria admitir: o conflito referido por ele é mesmo uma briga entre a faculdade de teologia e a faculdade de filosofia. Não brinca! Já vimos isso em alguns campi por aqui: em São Paulo houve um pega pra capar entre estudantes de duas faculdades de direito, não foi isso? Sem falar do entrevero ocorrido bem aqui no cerradão entre uns e outros. Deixa pra lá.
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Não foi aquele entrevero entre alunos da Pi-delta-kappa com a...? |
Aqui está um artigo para quem quiser um resumo comentado do livro de Kant. Uma informação histórica preciosa sobre origens da prepotência de certas áreas do saber - aquelas que sabem arrancar dinheiro do rei e dos súditos em apuros.
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Artigo do Hermas g. Aranha, na coletânea da editora Liber Livro, Brasília, 2011 |
Kant também penou com o puxa-saquismo do rei, que favorecia a medicina, o direito e a teologia. Sim, o pastor era um funcionário público... Já o filósofo, desde pelo menos uns 300 fica pra escanteio e tem que lutar por seu lugar no campus e nas editoras.
Enfim, alguns reis gostariam de fazer com os filósofos aquilo que o bibliotecário maluco fez com nossos livros: expatriá-los. Ainda bem que algumas rainhas nos quiseram como preceptores e sabe-se lá o que mais, nas alcovas reais. Descartes que o diga, pois não era bobo, nem nada e só se levantava depois do meio dia.