O VELHO BORGES
está liberado: podem me chamar de velho
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Meu primo argentino, que tanto admiro: o Aleph |
Quando foi que o jovem Marx tornou-se o Marx maduro? E, antes, onde foi que seu mestre Hegel passou a se entender por gente grande, com um contrato acadêmico? Só mais uma pergunta: podemos falar, com razão e emoção, sobre dois Ludwigs Wittgenstein?
Essa discussão acadêmica, que interessa à história da filosofia e à hermenêutica das obras, aparece em uma contribuição minha, inserida uma coletânea que também assinei como co-editor. Esse livro ainda está à venda por aí, editora Xamã, de São Paulo. Meu artigo é "Mudança de paradigma em Habermas e outras objeções", páginas 35 a 57. No caso de Habermas - e tantos outros que levaram a sério suas crises e o genial livro de Thomas S. Kuhn - a mudança de idade é resultado de uma decisão, de uma conversão, até. E é gozado que o então "jovem Habermas" tivesse dito certa vez que um filósofo só poderia falar de si mesmo, em entrevistas, depois dos cinquenta anos...
Meu velho, Olavo Martins Borges (*1922 / +2016) |
Quanto a mim, torno-me o "velho Borges" por decurso de prazo, com três datas, que são também pequenos golpes: aposentei-me em 2013; meu pai faleceu (descansou) dia 31 de março último e... acabo de completar 60 anos. Sim, na próxima semana vou tomar vacina grátis contra gripe. De boa.
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Mais um sósia, argentino. (na opinião de um malabarista de rua) |
Seria, então, o velho Borges aqui um folgado, que parou de filosofar e de escrever? Não, nada disso. Ando filosofando de graça e sem plateia. "Ando devagar, porque já tive pressa". Aliás, outro dia um email me animou ao me lembrar do que teria dito Sir Karl "Raimundo" Popper: só então, ao deixar de ser professor, pude me tornar filósofo. Claro, que, aos poucos, isso também vai perdendo a importância: ser (reconhecido como) filósofo, ter uma carteirinha, pedir a bênção ao CNPq, etc.
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Boa cachaça de Minas Gerais, de Conceição do Mato Dentro ++++ |