quinta-feira, 2 de junho de 2016


Edição corporativa:
 
pra   encher a bola da  filosofia

 
Ou "puxar a brasa", para quem não aprecia
metáforas do futebol

O ilustre prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (do Partido dos Trabalhadores), é mestre em filosofia, pela USP, aliás... Haddad holds a master's degree in economics and a doctorate in philosophy from the University of São Paulo (conforme texto na Wikipedia).

 


O aguerrido militante Guilherme Boulos,  membro da coordenação nacional do MTST(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente de Resistência Urbana, é Formado em filosofia pela USP  e escreve na Folha de São Paulo às quintas-feiras. Hoje, aliás, criticou a violência da polícia paulista em duas ocupações recentes e comentou uma vitória do movimento: o novo ministro-impostor vai manter contratos para construir 12 mil casas populares, conforme planejamento da Presidenta eleita Dilma (vítima de um golpe).  

 


O diretor do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi é formado em filosofia pela FFLCHUSP. Pode não parecer uma boa hora lembrar o nome do CEO, já que é citado na lista interminável de suspeitos e dedurados. Se isso ajuda, outros executivos de outros bancos também se enrolam, exceto, por enquanto os do Itaú, que emplacaram a direção do Banco Central: a raposa no galinheiro? Esopo que o diga.

 


E quem quiser encontrar outros filósofos em evidência, consulte a inevitável wikipedia.

 

Aliás, um longo e sonoro aliás: um dos dois fundadores dessa enciclopedia virtual é, sim, um filósofo! O outro é Jimmy Wales. O filósofo é Larry Sanger. Podem conferir essa história na revista Humboldt, do Instituto Goethe, numero 94. O artigo “O universo anárquico da wikipedia”, de Kerstin Kohlenberg, compara essa iniciativa-monstro a outra obra exagerada, o dicionário Brockhaus. O artigo saiu também no jornal Die Zeit, em edição mais longa. (Confiram em www.goethe.de/humboldt)

Kerstin conta que Larry aprendeu com Ayn Rand a defender uma concepção contextualista da verdade. Ok, tudo bem, mas se esse Larry tivesse sido meu aluno teria sido orientado a ler outros autores, em vez de ou além dessa estranha militante ultra-liberal. Tarski, Habermas, Rorty também ajudariam na discussão e na busca de conceitos não representacionistas, etc. etc.

Mas, reafirmamos aqui: o objetivo deste post é fortalecer o bom e velho corporativismo e ganhar adeptos para a filosofia, geralmente associada aos caras que não gostam de dinheiro, nem de sucesso, nem de tecnologia. Conversa... (sem murrinho na mesa).

 
A propósito, esta é a imagem para sardinha (herring)
na página da Wikipedia