segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O PRIMO BORGES E ESTE SER IMAGINÁRIO

O Filósofo do Cerrado sempre brincou com esse parentesco, tipo afinidades eletivas. Costuma chamar de primo o Jorge Luis. Na verdade, o marido da Maria Kodama era a cara do Tio Otávio, aliás Otávio Martins Borges. Sempre bem vestido e elegante, mesmo quando vinha filar uma bóia. E só agora pode-se saber que Tiotavo era solteiro por um motivo bem conhecido de Nabokov e do autor de Áleph: Lolitas. Claro, a genética não explica tudo e há gens recessivos, por supuesto. Tampouco herdou terras o sobrinho.

Os argentinos se esforçam - com razão, admita-se - para provar que o Borges deles é, de fato e de direito, um genuíno filósofo. No Brasil, é infundada qualquer suspeita de que do mato torto e cascudo do Cerrado possa sair um coelho digno de Lewis Carroll. E preá não vale na briga de cachorros grandes.

O Filósofo do Cerrado visitou Buenos Aires e garante: eles não tem tantas bibliotecas e livrarias assim, não. Verdade é que agora o Aba Poru é deles. E a cerveja Quilmes é nossa. Muito boa a Quilmes Bock. Mas ali, diante da casa onde morou Jorge Luis, na rua que leva seu nome, ocorreu um insight. Ao ver o palacete de tijolinhos à vista e linhas angulosas, onde funciona o salão de cabeleireiros Maldito Frizz, teve o subscritor (ops!) deste blog uma revelação apofântica ou epifânica, tanto faz: o filósofo do cerrado é um dos seres imaginários do livro do primo Jorge Luis Borges. O Macaco da Tinta, talvez. E macaco é o signo chinêsdo signatário.

Aqui você não encontra "resumo de trabalhos escolares", mas pode ler rapidinho sobre essa figura escrota:


[O trecho está em O livro dos seres imaginários, editora Globo, 1996, página 96. A foto de Borges saiu no livro História universal da infâmia, editora Assírio & Alvim, Lisboa. Tradução de um certo... José Bento]
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TRANSLATION: The author of this blog always tried to make fun with his famous "cousin" Jorge Luis, who looks like old uncle Otavio. This one had also a kind of nabokovian preference for Lolitas - and died unmarried. He was also a gentleman, but had left no land heritage for his nephew, who has then not enough money and influence to become a diplomat and leave in Genéve or Paris. But Buenos Aires could bring him some light: our Savannah Philosopher had a very revealing insight just in front of the house where Jorge Luis Borges once lived, now a hair saloon called Maldito Frizz: the Subsrciber of this blog is much of a "imaginary being" such as many of the ones collected by Borges and Margarita Guerrero. The argentinians struggle to prove that JL Borges was a genuine philosopher. And they are right. Count on me.  In their neighboring country it's a waste of time to expect that out of a dry bush of the cerrados a rabbitt could ever jump as one did in Lewis Carrol's tale. This unkown philosopher could for instance be the "monkey of the ink" [Wang TA-hai, 1791] and this ink drinking figure is also the philosopher's chinese sign.

Macacos me mordam! Nenhuma visita a este blog em um dia... Vamos ver se a imagem atrai mais que o texto. Monkey see monkey does. Monkey see, se manque.
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Ink Monkey, 1983
El mono de la tinta

ink and watercolor on paper / tinta y acuarela sobre papel
9 7/16 x 13 3/8 in (24 x 34 cm)
© 2003 Francisco Toledo / Licensed by VAGA, New York, New York