quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que é que há no nome da rosa?

Verdade seja dita: muita gente viu o filme e aí deu preguiça de ler o livro. "O nome da Rosa", que presta homenagem ao cego Borges, teve no jornal uma crítica sensacional, ao destacar a única mulher (doable, digamos) do filme, "que entrou muda e saiu calada". Who cares, meu caro Adso? 



Mas foi estoutra rapariga, a Julieta, quem pergunta a Romeu: “o que há em um nome?”, quando sabemos que a encrenca toda viria dos sobrenomes deles, de famílias não tão mafiosas ainda.  E completa:”Aquilo que chamamos de rosa teria o mesmo aroma doce sob qualquer outro nome?
Ora, por falar no nome da moça deslumbrada, porque cargas d´água não nos ficou conhecida como Giulia, que nem em outras traduções? Mais bonito nome pra a supostamente linda doidivanas com paixonite aguda - Shakespeare e Zefirelli que entrem em um acordo.

Ainda no cinema, entre um tiroteio e uma reflexão transcendental, os dois pistoleiros do filme de Tarantino tem duas conversas interessantes sobre nomes.
Travolta pronuncia e admira os nomes das mexicanas. Algo como Consuelo, Amparo ou Mercedes. E quer saber o que significam. A mulher também quer saber o que há no nome deles. Resposta: nos EUA nossos nomes não significam nada. Nada. Isso é a falta de distanciamento, de estranhamento. Aí o nome é só rótulo, convenção.

Em outra passagem, Jules quer saber do colega Vincent, que esteve na França como chamam lá o “Quarteirão com queijo”. Resposta: “royale with cheese”. Nada mais americano que um sanduíche globalizado. E universal também é essa expectativa frustrada, pois a coisa deveria manter o nome, não? Por outro lado, cremos às vezes que em um lugar diferente tudo seja diferente. Ficou claro? Então anota esta síntese, pois pode cair na prova do ENEM! Ou reze Ezequiel, capítulo tal, versículo tal.

O nome nomeia? Ou aponta, significa, refere. Tem sentido ou referência? Distingue também. Na aldeia, o rapaz era o Zé do Orcalino. Depois, o velho vai morar na cidade grande e passa a ser “o pai do Dr. José de Tal”. Mas e o nome do meio? Nos EUA, só famosos revelam seu middle name. Leva tempo até que o F de JFK se revele Fitzgerald. Ou inventam apelidos entremeados como Frank the Voice Sinatra. Aliás, por falar em hot dog. Melhor deixar para outro post. Sinatra, o Waldick de Noviorque. 


Por seu lado, muitos judeus fugidos escondiam-se da perseguição – por trás de um W., havia um Wiesengrund em Th. W. Adorno ou em outro um J de Jacob. Sem fotos, please. Uma vinheta bastaria.
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 Espertos foram Ulisses e Trinity. Para escaparem de monstros e de pistoleiros, safaram-se de boa com esse nome desarmado, essa referência vazia: "meu nome é ninguém". Nobody, nessuno... Ecco! Ecco! Bravo! Bravissimi!

PS.: Errata, pra não pagar mico. Trata-se do Ulisses grego, também chamado Odisseus. E não de nosso querido Ulisses Guimarães, esse sim, aliás alguém da maior importância na história do Brasil. Um dos caras no palanque das Diretas já. E aqui feliz com a suada constituiçao de 1988. Já está na hora, não? De novo, já.

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