sexta-feira, 15 de abril de 2011

AO SUCESSO, MAS SEM PULAR CATRACA

Gente, este blog já tem sete seguidores e isso não é pouca coisa. O Filósofo do Cerrado, que enveredou nessa, vai bancar o Oskar, moleque renitente que se recusava a crescer, nisso: o personagem sabia que estava em um romance, O tambor. E aqui sabe o remetente que está nesta rede do triple-doble-v, como se diz no Chile para www. [Experimentem, aliás, ouvir música de los años ochenta em http://www.concierto.cl/]

Gracias, señores e señoras seguidores e leitores! E nada daquela desfaçatez de filósofo encalhado no sebo que passa, então a questionar o sucesso e até mesmo a flertar com o fracasso, a decadência. Nada disso aqui!

A
Ao sucesso!
Não espere campanha contra o fumo aqui, pois Hollywood é antes um lugar e antes ainda uma planta, azevinha o azevedo. Música boa dava o ritmo do hit. Não precisa fumar e nem saltar de para-quedas, mas admita: If looks could kill é um puta som e mereceu as paradas, com ou sem nicotina.

 Dica para quem quer ser ou bancar o filósofo: sempre que alguém disser que algo é relativo, cabe apertá-lo com a intrigante questão intermediária, tipo "Se a verdade é relativa, diga-me: relativa a quê?!" A conversa pode encerrar-se ali, a bem da verdade. E Schopenhauer ficaria feliz.

E há de se evitar o sucesso, mesmo relativo? Absolutamente! Vamos a ele. O sucesso é relativo ao veículo, por exemplo. Os 500 exemplares vendidos (e revendidos no sebo) de um livro não podem ser comparados com as quase 800 visitas que este blog já teve. Lembra a brilhante sacada do inteligente Lech Walessa: não se pode comparar o melhor enxadrista russo com o melhor pugilista americano.

O João Gilberto, octogenário inadimplente no condomínio e músico do silêncio, fez seu samba de uma nota só. E o Filósofo do Cerrado, numa fase urbanóide, tornou-se poeta de um poema só, justamente quando evitou o transporte solitário do carro próprio. Curtia caminhar pela metrópole ou andar de ônibus. E participou do grande lance dos poemas no ônibus, com estes versos:

Chavões
Poetas esquecidos,
Procurem seus guarda-chuvas
Na seção de perdidos.

E os guarda-sóis
Na de achados.

 Esqueçam no guarda-volumes
 Da rodoviária o dicionário
                                   De rimas em dois tomos.

                                   E joguem fora a chave.
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Quantos leitores teve? Impossível saber quantos passageiros leram durante um ano em vários veículos esse e outros poemas... Melhor ainda: milhões de leituras. Quanto ganhou o meteórico poeta? Dois ou três exemplares da versão impressa, de bolso. E aquela satisfação that money can´t buy.

Sucesso é isso, nisso: uma empresa pública de transporte coletivo, mais antiga que a invenção da jardineira. E um dia por mês o passe era livre, buzão de graça pra galera toda que cruzava aquela conurbação emaranhada com rios e pontes e overdrives. Mangê, manguê, manguê.... [Chico Science]

Dos ônibus poéticos, de volta aos caminhões. Mas toda filosofia - inclusive a de parachoque - carece de  revisão e não só aquela da entrega. (O espaço em branco após o desenho abaixo foi um erro de edição da imagem, mas podem considerar tipo "mantenha distância" em dia de chuva).

Ou seja, caros leitores e seguidores, eles e elas, podem seguir o auto-intitulado Filósofo do Cerrado, que, como diria o Lazinho, não vai correr nem demais e nem de menos; só aquele tantinho. Blog não é novela, mas se fosse, seria algo como a novela das dez da noite em tempos de Ziembinski, um rebu. Mais pra Zeca Diabo que pra analista do Ibope, o Filósofo do Cerrado também quer deixar claro que não foi ele quem matou o Dotô Mahler.

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