terça-feira, 26 de abril de 2011

QUATRO DECEPÇÕES MÉDIAS E TRÊS PEQUENAS INVENÇÕES

Decepções quádruplas

           1 Pobre jipe quatro por quatro... Prometeram a ele, quando se alistou aos dezoito, que seria um veículo General Purpose. Legal, pensou o pé de boi beberrão, vou cair matando. Promovido a General assim de saída, sem dar um tiro. Nada disso, reco! As iniciais dessas palavras deram GP, que se pronuncia “dji-pi”, donde Jipe. Fui claro? Claríssimo, senhor! E depois de um leilão e uma meia-sola, ia ser um off-road, mas durou pouco o sonho de lama e liberdade. Amarga uma rotina de vai e vem, puxando carretinhas para vender pastel na feira. As máquinas também tem seu destino. Não perguntam a um trator se quer ir plantar milho ou puxar malas no aeroporto. Mas, ao fim e ao cabo, estaremos todos mortos – no caso dos Massey-Ferguson, Hanomags e CBTs, estarão todos polidos e inúteis no museu de Orlândia.

      2      Ondas gigantes lavam a costa nipônica, depois de enésimos tremores de uma terra já esfarelada em ilhas mis. E a novidade da grande potência: contaminação nuclear. Morte e destruição, prejuízo e vergonha. Mas eles continuam calados sem soltar um putaqueopariu ou coisa que o valha, na fila, comendo seu bolinho de arroz frio. Irritante essa educação toda. Aí aparecem o rei e a rainha, com roupinha barata e puída, no alojamento dos sobreviventes abúlicos. Suas altezas se abaixam e ficam naquelas mesuras com sorrisinhos amarelos até que sai uma declaração. Ueba! Vão anunciar o fechamento de todas as usinas nukes? Vão parar de matar baleias? (Pois pode ter sido isso: o deus das baleias vinga-se do povo que tinge de sangue e leite as águas do mundo...) Mas que nada, diria o Jorge Bem: o rei vem ali pedir paciência. Mais paciência? Só isso, majestade? Cria tipo, sô!

      3     Um ET aparece no sertão e é filmado e gravado à distância. Não dava nem pra ver os grandes olhos de todos marcianos. E qual foi a tão esperada mensagem do racional superior aos terráqueos? Em português coloquial, o Zetê recomendou: “valorizem o conhecimento... Valorizem o conhecimento...” Santa ignorância é não ver tanta besteira sideral! Preferível ser ainda de mestre Yoda o de ninja nanico estilo eterno fã... E aqui vem citada, à guisa de homenagem à Princesa Lea – ela, sim, digna de louvor e núpias skywalkerianas  – a mensagem holográfica do R2D2: Save me Obi Wan. Save me Obi Wan Kenobi...

 4.       Linda a canção de Ednardo para o Pavão Misterioso,

      com a cadência do tambor de bumba meu boi e os guizos de cabrito arrastado, mas o cordel já centenário e pomo de discórdia editorial , o cordel, meus compadres, é meio desenchabido, cheio de parafernálias, com enredo nada onírico, muita asa, aquele rabo narcísico, mas meio sem pé nem cabeça. Melhor reler a chegada de Lampião no Inferno... (ou foi apenas aquela edição de Teresina veio faltando quatro páginas que deixou leitor aperreado?)


Três pequenas invenções:
1.       Tesouras. Maior moleza. Qualquer ferreiro poderia ajuntar com um rebite duas facas. E eis uma ferramenta para cortar cabelo, papel e até prepúcio – se a tradição assim o permitir.

2.       Ar-condicionado. Uma legítima invenção de uma loira falsa, igualmente famosa, não tanto pelos BTUs mas pela saia voando no bafo do metrô. Pouco recomendável expor-se à poluição vinda desde abajo, para provocar ainda mais o vizinho travado gringo, que achava em português que “o pecado mora ao lado”, quando na verdade era uma seven year itch, uma coceira nos sete anos dele, einteindd?.. Ela não, Marilyn, ingênua como quis parecer e puxando prosa. De repente, sofrendo no calor, imagina juntar um ventilador a uma geladeira com a porta aberta... Simples assim.


3.       Uma tabela para consolar filósofos médianos e medíocres. Pois a mediedade ou mesótes tematizada por Aristóteles não vale aqui. A virtude não está na média de vida do IBGE. Esta pequena invenção do Filósofo do Cerrado, registrada em cartório,  consiste numa lista de muitos ou todos os filósofos, colocados em ordem crescente de longevidade. Tomando por base o teste aplicado aos replicantes no filme Blade Runner, o Voight-Kampff, sugere-se o nome “Kiki-Gadamer” para essa escala capaz de medir o maior valor filosófico: a vida. Kierkegaard não passou dos 45 anos, ao passo que Gadamer deu uma de Barbosa Lima Sobrinho, o jurista que viveu em 3 séculos, ou seja, 102 anos. Como aplicar, mesmo antes de desenvolver a pesquisa? Simples. O subscritor deste blog, por exemplo, já ganhou do dinamarquês manicado, pois está escapando de poucas e boas, entrando já no segundo cinqüentenário. Quanto a Gadamer, graças à verdade ou ao método, tanto faz, só resta à torcida dos wanabes o grito de guerra: é... cam-peão! é... cam-peão!


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