segunda-feira, 25 de abril de 2016

O VELHO BORGES
 
está liberado: podem me chamar de velho
 
 
Meu primo argentino, que tanto admiro: o Aleph
 


Quando foi que o jovem Marx tornou-se o Marx maduro? E, antes, onde foi que seu mestre Hegel passou a se entender por gente grande, com um contrato acadêmico? Só mais uma pergunta: podemos falar, com razão e emoção, sobre dois Ludwigs Wittgenstein?
 
 
Essa discussão acadêmica, que interessa à história da filosofia e à hermenêutica das obras, aparece em uma contribuição minha, inserida uma coletânea que também assinei como co-editor. Esse livro ainda está à venda por aí, editora Xamã, de São Paulo. Meu artigo é "Mudança de paradigma em Habermas e outras objeções", páginas 35 a 57. No caso de Habermas - e tantos outros que levaram a sério suas crises e o genial livro de Thomas S. Kuhn - a mudança de idade é resultado de uma decisão, de uma conversão, até. E é gozado que o então "jovem Habermas" tivesse dito certa vez que um filósofo só poderia falar de si mesmo, em entrevistas, depois dos cinquenta anos...
 
Meu velho, Olavo Martins Borges
(*1922 / +2016)
 
 
Quanto a  mim, torno-me o "velho Borges" por decurso de prazo, com três datas, que são também pequenos golpes: aposentei-me em 2013; meu pai faleceu (descansou) dia 31 de março último e... acabo de completar 60 anos. Sim, na próxima semana vou tomar vacina grátis contra gripe. De boa.
 
Mais um sósia, argentino.
(na opinião de um malabarista de rua)
 
 
Seria, então, o velho Borges aqui um folgado, que parou de filosofar e de escrever? Não, nada disso. Ando filosofando de graça e sem plateia. "Ando devagar, porque já tive pressa". Aliás, outro dia um email me animou ao me lembrar do que teria dito Sir Karl "Raimundo" Popper: só então, ao deixar de ser professor, pude me tornar filósofo. Claro, que, aos poucos, isso também vai perdendo a importância: ser (reconhecido como) filósofo, ter uma carteirinha, pedir a bênção ao CNPq, etc.
 
Boa cachaça de Minas Gerais,
de Conceição do Mato Dentro

++++
 
 
 
Pensando bem - e de graça - a verdade é que, fora da academia, prefiro ser chamado pelo nome da cachaça: Bento Velho.  E isso nos deixa na boa companhia do Velho Barreiro (marca que talvez queira lembrar a do uísque Old Parr, em homenagem ao inglês Thomas Parr, que teria vivido 152 anos. Isso nos deixa também tontos, só de pensar.




Um comentário:

Maíra Selva de Oliveira Borges disse...

esse Bento é engraçado... olhando pra ele, cê num dá nada.. cabeludo, doidão.. o que mais?
(cadê a carinha com a língua pra fora, sabá-do-meu-povo??)