sábado, 26 de janeiro de 2013

X A M Ã


História Universal da Filosofia
Capítulo 994: Colegas e Coletânea

Invocação das entidades diáfanas e ariscas

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Uma dica muito importante para quem pegou o bonde andando: este blog conta uma certa história da filosofia, com base em publicações. Eis a história das peripécias de diversos textos que saíram da gaveta para as gráficas e telas de computers. E, por favor, concordem: eis um ótimo critério de relevância e intersubjetividade, pois não são meras confabulações. Conta-se aqui como foi que um texto veio parar nas livrarias e sebos. E nisso o leitor conhece melhor os meandros do mundo acadêmico.
Uma sugestão de mood: o clima dessa série pode parecer derrotista, deprê, revoltada. Mas não é; deve-se mais é achar graça do jogo de vaidades na academia. E a lição para os calouros é a mesma de outras pelejas: não desista. Ou desista e não fale mais disso, nem daquela mala perdida no vôo de volta.



Em 2009, o filósofo alemão Habermas completaria oitenta anos. E de fato chegou lá. Nosso grupo de pesquisa, registrado no CNPq e tudo, resolveu lançar uma coletânea de ensaios que apresentasse alguns temas da extensa obra do aniversariante. Parabéns para ele!
Coube a este blogueiro a dupla tarefa de pedir verba à Fapemig e de negociar com a editora. Deu certo; contrariando meu complexo de rejeição, a agência mineira doou dinheiro para imprimir uns 500 exemplares. Mas não foi nada fácil o trato com o editor, sempre através do estranho canal de emails. Embora sem nunca ver a figura e nem a cor de sua voz, parecia a este que ora digita, que era ele mais uma figura típica do cinema – alguém do tipo que Milani fazia no seriado Lula e Juba. Lembram-se? O editor piscava faíscas contra a pobrecita da Zelda Scott.
Os outros dois colegas, co-editores, também às voltas com suas tarefas de reunir e revisar os originais, franziram o sobrolho: tínhamos que vencer o desafio e tocar a coisa. Nada de relaxações! Ossos oficiais. O livro, por fim, ficou pronto. E ninguém morreu disso.
Todavia, ainda não apareceu aqui o quesito “entrevero acadêmico”, pois não só de verba e celulose é feita uma coletânea. O verdadeiro martírio foi a caça ao colega de referência, que pudesse apresentar a obra escrita por umas oito pessoas do ramo. E coube a este simples Bohnenfresser aqui procurar uma “figura de proa” que pudesse exibir seu nome na capa e, assim, por um discreto argumento de autoridade, ajudar a vender o livro. O encalhe assombra.

Mas, podem crer meus amigos (meus droogs, como diria o Alex de Laranja Mecânica), podem crer que figura de proa no Rio São Francisco é carranca. Menino véio, uma meia dúzia de colegas fechou a cara para aquele projeto coletivo e viável! E não é fácil calçar a cara e pedir a alguém desse status, geralmente enrolado com dezenas de tarefas e horas no lattes. Depois daquele prolegômeno todo, a cantada: Será que Vossa Senhoria dignar-se-ia honrar nossa coletânea com isso e aquilo? Etc. Não, não vai dar, não daria, não deu.
Tento lembrar quantas foram as recusas: J. N. H.; R. M.; N. H.; fulano, beltrano, etc. E o prazo correndo, o editor no meu pé. Por fim, um dos sócios da editora, um chapa do editor cuidou da apresentação da coletânea. E eu fiquei com aquela costumeira cara de poucos amigos, com a sensação de que minha moral – after all these years – andava mais baixa que o negócio do sapo (o Zeca Baleiro teria uma expressão melhor que esta, podem apostar).
Mas e daí? O livro saiu e vende horrores, uma edição depois da outra. Do jeito que vai, vamos bater o Paulo Coelho e o Edir Macedo. E não costumo ser o tipo de cara que diz a quem não foi à festa que ele perdeu, que a festa foi demais, etc. Nem uma palavra. Gelo geral.
No mais, fiquei com essa lição: depois que me aposentar, nunca mais vou me dispor a ser co-editor de co-letânea...



Ficou bonito. Olha aí...

Comprem e leiam.

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Direito e Democracia Em Habermas - Pressupostos e Temas Em Debate
Editora: Xama
Este livro é resultado do esforço coletivo de vários pesquisadores brasileiros de diferentes instituições, dispostos a debater os pressupostos e temas que figuram a teoria crítica da sociedade. Jürgen Habermas, considerado o maior filósofo alemão vivo, destaca-se como um dos autores mais expressivos dessa importante tradição intelectual. Seu... [Leia+]



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