quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CENTÉSIMO POST 100º

(Se alguém já teve essa idéia infame, bingo!)


Esta é nossa homenagem ao Ted Boy Marino, que lutava livre no telecatch, no tempo em que não havia sangue no ringue; só marmelada e coreografia.

Demorô! O lutador esquivou-se por mais 45 anos.
(edição de 1967)

Ted Boy Marino esteve no Salão Paroquial de Ituiutaba, em 1967. Tem base? O Filósofo do Cerrado estava lá, torcendo ao lado de escoteiros e lobinhos. Também lutaram ali o Tigre Paraguaio, o Fantomas e alguns novatos que só iam apanhar de nossos heróis de carne e osso.



E, como diria a Zazie, de Raymond Queneau: "kekeisso tem a v com a filô?" Resposta: um ponto comum entre o Paul Feyerbend e este blogueiro.

O irreverente Paul Feyerabend conta, em sua autobiografia, que ia ver as lutas-livres, nos States. E que levava aquilo tudo muito a sério. Até que um aluno corrigiu a falsa impressão de nosso filósofo da ciência anarquista: é tudo marmelada, teacher! Tudo combinado...

Nem tanto, pensa-se aqui. Aquele limãozinho devia doer nos olhos dos outros (e o juiz não via!) Matando o tempo é o título da biografia, editora da Unesp. Emocionante vida contada por Paul.

E para matar nosso tempo e o teu, vem aí outro filósofo da ciência, misturado com a enchente de cultura de massa, na net. E esse Carlos Raimundo teve altos papos com o Feyerabend - sobre a (ir)racionalidade da ciência e o vale-tudo da metodologia de pesquisa, cheia de manha e ginga. Galileu era esperto.

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SEÇÃO LIVROS NA ESTANTE ERRADA

Antes de virar filme, com Jim Carey, os mascotes polares estavam em um livro
O livro dos pingüins não foi publicado pela Penguin books. E esse Mister Popper não foi o ondecorado Sir Popper, ideólogo do neoliberalismo - muss man sagen.

Popper não é um sobrenome qualquer e nem deve soar como "pauper",
apesar das brincadeiras com a "Miséria do historicismo".

Saiu pela Penguin books uma História da Filosofia, co-editado pelo Bryan Magee, que também tem um livro sobre Popper, publicado no Brasil.

Nem todo penguin é um penfriend, mas são simpáticos e dedicados.

Cuidado,  bibliotecárias! Este livro não vai para a estante da filosofia (anti-historicista) da ciência falibilista – se bem que nem todos os grãos estouram.


CORN POPPER
Não há mistério no milho que explode,
mas se a panela do pipoqueiro foi roubada,
já dá uma história infanto-juvenil.

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O ESTOURO DA BOIADA

Homenagem à Bio-ética
Animal na pista provoca acidente

Uma mulher morreu após sofrer um acidente na BR-3, km tal, próximo ao posto X, outro dia grande, à noite. A açougueira Fulana de Tal viajava em um carro com o marido, quando uma vaca atravessou a pista e o motorista não conseguiu desviar. O veículo ficou destruído e o animal também morreu. O marido de Fulana de Tal ficou ferido e está internado no  Hospital Y de certa cidade. Segundo a assessoria de comunicação do hospital, o estado de saúde dele é estável e ele não corre risco de morrer. E segundo um professor de Bio-ética, que não quis se identificar, a vaca teria tido a intenção de vingar a morte de toda uma boiada, da qual escapara por ser menor, apenas uma bezerra, dois anos antes. A vingança é uma atitude compreensível, mas rara entre animais não-humanos. A filosofia, que não costuma atribuir ao destino essa confluência de histórias, pode, contudo, emitir aqui um sério lamento pela perda de vidas. (Nossas condolências, primeiro aos animais humanos). Mas quem é o responsável pela vaca? O vaqueiro? O magarefe? Ou todos os que consomem leite e carne? Quanto ao carro, devia ter seguro e não devemos nos apegar a máquinas. (Correio de Onde, 2012 – texto mexido e cifrado por este blog)

Mais campanhas desse naipe em www.institutoninarosa.org.br

O espírito da coisa é a tolerância, pois um carnívoro pode apoiar os que já se libertaram da proteína animal e,
com isso, alforriaram os animais não-humanos. E, vai que um dia a gente se bandeia para a salada...


2 comentários:

Rubs disse...

A marmelada pressupõe a honestidade dos atores.
Prova viva disso, é o grande Marcus Vinicius. Não se trata de nenhum senador romano neo-estóico, mas de um lutador internacional de luta livre. Lutou na Grécia e morou na Espanha, onde aprendeu a receita mais sofisticada de paeja que já provei. Foi campeão mundial de jiu jitsu na categoria master, depois dos setenta anos.
Conhecido localmente como "Osvaldão", nos anos 80, foi assediado pelos empresários de um tal "Rei Zulu" para encenar uma "marmelada" dessas, a troco de uns cobres razoáveis. Quando subiu no ringue, o velho lobo descobriu que a honestidade é princípio a priori da marmelada possível, pois foi logo tomando uma combinação de mawashi geri e tapas de mão aberta no pé do ouvido. Nada daquilo tinha sido acordado.
Entre fazer o papel de bobo da corte e preservar a dignidade a preço elevado, optou por essa última. Num salto mortal, atirou-se bem em cima da platéia e esborrachou-se nas cadeirinhas de ferro da Brahma.
Quebrou a clavícula e teve ruptura total do bíceps direito, mas terminou a luta e a palhaçada no primeiro round.
Ninguém pode ajuizar sem conhecer todas as variáveis relevantes envolvidas. Marmelada? Até entre quadrilhas é preciso haver lealdade - conceito teorizado,mas jamais praticado entre filósofos de academia.
Osvaldão mora no bairro Karaíba e se este Filósofo do cerrado desejar passar o causo pelo crivo da verificabilidade, poder-se-ia agendar uma paeja com vinho na casa do célebre lutador.
Galileu foi mesmo esperto. Mas o Filósofo do Cerrado deveria ler, também, John Bernal. Ia constatar que o mais esperto é aquele que conta com os financiamentos mais polpudos para realizar sua esperteza. Quem financiou Galileu? Isso eu descobri com o Bernal.
Abs.

Bento Itamar Borges disse...

Valeu, compadre Rubens! Agradeço a visita e digo, imitando o Homero Simpson: "é engraçado porque não é comigo", ou seja, eu não queria apanhar do Osvaldão (e nem do Little Oswald)nem pra valer e nem no combinado... Pois em Tupacity, um circo tinha ringue com luta livre. E uma mulher do circo batia em todo mundo lá. Bateu até num bate-pau metido a besta. E nem era a mulher barbada, não... Melhor no poleiro que no picadero, entonces...

Grato.

Savannah Philosopher