sexta-feira, 16 de março de 2012

MIÚDOS, SEM ÁCIDO ÚRICO

E no seco, seu gualda? Pode?

 Mais um episódio da série “kantianas em fá maior”
Nem todos somos filósofos, mas muitos podem criar frases dilemáticas à moda kantiana, que se encaixem no esquema: “x sem y é vazio e y sem x é cego”. Ele mesmo, Immanuel, preencheu o dito com imaginação e entendimento. Entenderam qual é qual? Agora essa! Uma placa em um parque de Uberlândia. Soa um pouco diferente e nos faz pensar no sentido da proibição, tipo “can” e “may”, como vimos nas aulinhas de inglês. Você não pode nadar depois da tela – o guarda não deixa. E você não poderia nadar antes da tela -  pois... não tem água. Só por causa disso.
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 SEÇÃO AUTO-REFLEXÃO DOIS PONTO ZERO
 filosofando em cima do carro (pra não rodar com a enchente)
Já incorremos nessa análise apressada, mas antes que o sinal fique verde, posso retirar o que disse ou pensava sobre a imitação do design na indústria atual. Se não for seu dia de garagem no rodízio em Sampa, pegue seu carro como exemplo. Certamente há inúmeros carros parecidos com ele, de outras marcas, pois os asiáticos imitam os europeus, que imitaram os norte-americanos. Já viram a imitação chinesa do Mini Cooper? E as variações em torno do mesmo design nas marcas coreanas? Ok. Pode ser, mas não é novidade.

No Museu do Automóvel, em Curitiba, podemos corrigir essa impressão ideologicamente carregada pela desconfiança no capitalismo tardio – ou retardado. Não quero ser um desses. Calhambeques, todos parecidos nos anos vinte. Todos semelhantes ao Ford T e não sabemos mais quem começou a colocar rodas com raios de pau e motorzinho de 15 hp em cristaleiras.

Essa é a origem do design: nas marcenarias, onde fabricavam carruagens, armários de cozinha e mesinhas da perna torta com pata de leão.
E depois, as banheiras que queriam ser aviões. Os logotipos tridimensionais no capô variavam de mulheres aladas e seios bicudos a cães de caça saltando e, claro, aviões. Hound dogs. Carros com rabos de peixe e asinhas em homenagem aos DC10 e aviões de guerra. O design do carro agradecia a vitória na segunda guerra. Sim, ideologia ufanista.

Mas, enquanto isso, lá fora do museu, a vida ferve no parque Barigui. Carros novos e tunados, sonzão ligado, motos gordas e pneuzudas. Moças de shortinho, latinha na mão. E esse ótimo recado meio grosseiro no estepe do jipão. Fazer o quê? É um fora de estrada, mas paga impostos e tem o direito de vir e ir não só no acostamento.
TÁ COM PRESSA?
PASSA POR BAIXO.
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A PINTURA MORREU
(para você, seu míope ingrato!)
No caso das artes, é assim: prepare uma históriazinha de sua infância. E vale inventar uma em cima do lance. Tipo assim: meu avô fazia jacá e eu resolvi fazer objetos de bambu, pra poder estar mostrando etc. e tal. O pai do outro rebobinava motor elétrico e ele resolve eleger o cobre, por sua materialidade, suas virtudes maleáveis, etc. (Ah! Não se esqueça do conceito! Energia, nesse caso. E funciona, sobretudo para o vernissage. Um estudante de arte que chegou atrasado ou não teve aquela presença de espírito. Há três semanas fez umas fotos de um banco fincado à beira de uma praia. Tábuas pintadas que teriam sido de carroceria de caminhão ou de barco.
Na Folha de Sao Paulo, dia 28 de fevereiro de 2012

E agora ele vê uma foto no jornal, notícia de uma exposição de um artista alemão. Puxa, cara! É a mesma coisa! Diz ele aos colegas, entre surpreso com a coincidência, tipo “eu estou no caminho certo" e revoltado, tipo "essa Bienal  tem as manhas".
Que tal essa montagem? Uma em cima da outra, como se estivesse na galeria, diante do visitante.  
Sucesso, vem pra mim que eu também quero!
(montagem sobre foto da FSP acima referida)


Nada. Não implica em nada. Uma foto de umas tábuas com certas cores e grafismos não faz de ninguém um artista. O alemão trouxe diversos quadros e é isso que merece ser chamado de “obra”. E ele contou sua história (e se é alemão, há alguns lances terríveis e prediletos) e é capaz de sustentar no gogó a sua criação. Isso, a prosa em torno, faz parte da obra, como também se colará a ela a crítica. E também minha paródia. E tenho historinha? Sim, a estética da recepção permite-nos também buscar ressonâncias na memória. Revelo essa: meu pai comprou umas tábuas velhas, pintadas e repintadas, da carroceria de um caminhão. E fez com elas um cercado para o cavalo. A gente brincava por ali no quintal e gostava de descascar as tintas com as unhas. E novas camadas, em outras cores iam surgindo.
Gestual: Unha e prego, em alemão, são a mesma palavra Nagel.

Mas não deu em nada, pois falta muito aqui para surgir um artista. Tipo levar uma parede para a bienal, como fez o Marepe. Genial. Cortou e levou a parede da velha mercearia do pai, de alvenaria. Altas estratégias de engenharia e logística. Ou aquela idéia de ampliar um brinquedo de madeira, um carrinho feito de caixote, até a proporção de um carro de verdade, tamanho um por um. Está no museu Inhotim, paraíso dos jardins e da arte atual, em Minas Gerais.
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LICHTENBORG
e seus desaforismos amestrados

“ERA DE UMA CLAREZA PASSAGEIRA, OU SEJA, EFEMERIDIANA”.

“Agora virou moda, como sub-produto da pretensiosa ‘ciência do esporte’, depilar pernas e braços de ciclistas e nadadores, pelas razões aero e hidro-dinâmicas, que guiam esses novos escravos do esforço físico rumo ao pódio das vaidades. Por conseguinte, seria razoável apostar que homens peludos e mal barbeados nos trarão o ouro olímpico no paraquedismo, que premiará o último a cair no chão .”
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FIM DO MUNDO EM 2012? Nem morta.
Não. Ainda, não. Só depois da copa 2014, com ou sem venda de catchaça no estádio. Finalmente, a NASA entrou nessa conversa para explicar que os indígenas Maias, com toda sua inteligência e violência, não tiveram condições de calcular rotas e impactos de meteoros. O mundo sempre pode explodir e isso pode ser este ano ou em outro qualquer, mas não se pode dizer quando. A nota da NASA não revela o método seguido pelos cientistas para desqualificar as previsões nostradâmicas da vez. Todavia, fontes secretas nos revelam (as mesmas que se dedicam ao hangar 46) que a chave para o desmentido científico foi uma sessão de sortilégio. Além dos búzios e do tarô, um recurso muito antigo é analisar as vísceras de animais. Se você quiser fazer isso em casa, fique à vontade, mas não precisa matar o poodle da vizinha. Derrame creme de leite em uma xícara de café forte. E em seguida, interprete os sinais. Nossa receita, ligeiramente calórica, rende uma porção de dúvidas e uma imagem meio nojenta. Mas o fim do mundo seria pior.
Faça você mesmo previsões com creme, açúcar ou adoçante.

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E AINDA TEM UMA CHARGE, DE SOBREMESA


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