domingo, 28 de agosto de 2011

FILÓSOFO ALEMÃO COM SEIS LETRAS

Uma peça de teatro nos anos enta tinha o curioso título “Greta Garbo – quem diria – acabou no Irajá”. O lugar deve ser um subúrbio do Rio. A peça devia ser coisa de teatro de rebolado ou de revista. Ou barra pesada, tipo “Navalha na carne”, a conferir.

Pois o filósofo hoje, no cerrado ou no chalé suíço, tem que rebolar para não perder seus preciosos conceitos. Olhem onde foi parar uma peça de resistência da crítica anti-capitalista: numa reles revista de palavras cruzadas.

Tem base? O complexo conceito-porrete “Indústria cultural” já perdeu seu ferrão aqui. Virou equivalente de entretenimento, passa-tempo, bolachinha recheada de inutilidades domésticas. Já não se destaca a aparente contradição no simples ato de ajuntar de um fôlego essas duas palavras: cultura+indústria. Ou seja, a cultura virou mercadoria, mas ninguém liga, desde que a mercadoria circule. Assim como “big brother” passou a ser diversão inócua.

Desafio: Qual o nome da editora do livro em que apareceu esse conceito da teoria crítica? Pista. foi em 1947...( Contando o tempo. Valendo um milhão! Quem quer dinheiro? Tic tac, tic tac...)
- Espere aí, querido...

Isso! Acertou! A resposta está co-ré-tá! Vai para o trono. Editora Querido, de Amsterdã (mas não me perguntem de onde vem esse nome, queridos...)

Ninguém aqui quer ser o guardião da integridade dos conceitos. Outros já caíram na boca do povo: ego, espaço público, paradigma. Deixa quieto. As línguas vivas vivem disso: empréstimos, adulterações, mal-entendidos e vampirismo geral.

Mais divertido é ver como a simples indústria de papel colorido pode se vingar de toda pretensão ranzinza da crítica mal-humorada.

No outro extremo, recomenda-se: ler Adorno. Sem medo. Quem quiser passar pela experiência do incompreensível e do banho de erudição, leia a tese de Adorno sobre Kierkegaard. Tão difícil e agradável quanto ler o próprio dinamarquês. Não é a toa que sua obra mais hermética (e qual não o é?) tenha o título de Temor e tremor.

Quem acha que esses dois filósofos são enrolados pode esperar sentado,

 pois não sairá uma versão de suas obras pesadas em palavras cruzadas. Hum... Talvez um caça-palavras. (E é claro que uma versão em quadrinhos do Diário do Sedutor seria formidável. Se for desenhada pelo Guido Manara, então... Best-seller pra galera babar. Sério.)

TIPO ASSIM

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[P.S.: Ops! Misturei Guido Crepax com Milo Manara... Duas feras da boa "indústria cultural" que até Adorno ia gostar de.]



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