sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DOIS MONSTROS SAGRADOS E UM JOVEM MESTRE

Eis uma notícia quentíssima e uma sugestão de leitura: REVISTA VERITAS, da PUC-RS, volume 55, número 3.

O número especial é dedicado a Hegel, por ocasião da publicação da tradução da Filosofia do direito, de Hegel, para o português, ano passado.

O Filósofo do Cerrado tem a subida honra de recomendar um ensaio de sua lavra, gentilmente incluído nessa edição cheia de sustança e ousadia, nesse caso particular. Um entrevero que levou mais tempo que a redação do romance de formação inventado aí por Goethe.

E nem precisam ainda comprar a revista agora; podem ler esse exercício de graça como amostra no endereço
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas
Eis os monstros: Hegel e Goethe, figurinhas carimbadas e grudentas...


Olhem só! Hegel está valendo mais que o Goethe? No correio alemão, que, aliás, é "Deutsche Post", que vem a calhar neste post .

E o jovem Wilhelm Meister, em seus anos de aprendizado - aliás, um pouco antes, pois tinha que cair a estrada para aprender a virar gente, pois não se pode ficar na janela vendo a vida e a banda passarem, não é mesmo, moçada?
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O Filósofo do Cerrado - que já foi mestre, levou rasteira e mudou de faixa - levanta, sacode a poeira e dá volta por cima. Aí até o flanelinha vem beirando na porta do buteco e já sabe: "Deixa um aí, doutor". Mas como diria Erasmo, não o de Rotterdam, mas sim o amigo do Rei: "...trabalhei, trabalhei". Wilhelm Meister teve suas experiências e os outros, outras. Uma delas: don´t say it´s over untill it´s over.

Se quiserem começar pelo cinema, podem, de boa. Pois o grande Wim Wenders levou para o cinema o romance de Goethe, que atende pelo tìtulo de Movimento Falso (ou em falso) - Falsche Bewegung.

Filme ambientado na Alemanha, por volta de 1974, com a então ninfeta Nastasja,

filha daquele feioso do Klaus (não confundir com a outra beldade cinemática, filha de outro feioso roqueiro do Aerosmith... e nem com o feioso, pai da Maíra, etc.)

Viram onde foi parar a filosofia neste post? Goethe, um baita mulherengo, ia gostar do filme e da atriz, por suposto, confundindo-se com seu personagem em formação.

Mas, se querem filosofia preciosa e demorada, leiam nestas férias de verão Hegel e nas próximas, esse livrão de Goethe, pra variar.

 Em Porto Alegre, quando o alemão te deixa zonzo e com dor no vazio,depois da aula, recomenda-se uma cerveja de classe no "Bar do Goethe"... Und dazu? Empanadas argentinas...

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A Fenomenologia do Espírito como romance de formação

Bento Itamar Borges

Resumo

Goethe concluiu Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister em 1795. Doze anos depois, Hegel publicava sua Fenomenologia do espírito. A “ciência da experiência da consciência” e o romance de formação surgem quando as condições históricas levaram a literatura e a filosofia a dar atenção à cultura e ao cultivo da identidade do herói por ele mesmo. Goethe e Hegel convergem em duas grandes obras, muito próximas em diversos aspectos. Este artigo apresenta a Fenomenologia do espírito como um exemplo de Bildungsroman estilizado. Lukács via no romance de Goethe “o problema da relação do poeta com o mundo burguês”, no qual naufragara o romântico Werther, e é por seu significado pedagógico que os socialistas se interessam por Wilhelm Meister. Em nossa época, avessa a filosofias da história, romances de formação ainda são escritos, inclusive por autores premiados, como Günther Grass e J. M. Coetzee.

Um comentário:

Maíra Selva disse...

Nooossa... será que estou sendo comparada à Nastaja Kiski? kkkkkkkk... ai, que lisonja!!!
e, by the way... só existe essa "foto" do Ghoete?