segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O FILÓSOFO DO CERRADO DINAMARQUÊS

Este é um dos retratos de Soren Kierkegaard.  A segunda letra do Soren devia ser cortada por um traço em diagonal, pois os dinamarqueses tem esse e outro sinal gráfico, mas eu não vou procurar isso no teclado. Esse prenome já foi traduzido para Severino. E "Severino" é ou era o título de um jornal e/ou blog do grupo de estudiosos brasileiros que se dedicam a Kierkegaard, hoje reunidos na "Sobreski".

Severino é um nome comum no Nordeste do Brasil. Severino, no post anterior, dava as caras que nem um cabra magricela, de chapéu cabanado, decadente. Pois é assim que um jornal de Copenhague  apresentava em caricatura a figura de Kierkegaard, que puxava briga com pastores e burocratas.

Muito diferente esse retrato aqui, de um jovem pancoso, mais engomadinho, parecido com Schlegel. Enfim, é o próprio sedutor, autor de um método exato para a paquera em alto estilo. Talvez fosse assim que esse burguês queria ser visto por sua amada Regine Olsen. Avisaram a ela? Noivado mais esquisito aquele.

Mas onde é que aparece aqui o... CERRADO? De onde menos se espera, salta o preá - do capim mumbeca. 

Um certo dinamarquês de nome Eberhard Harbsmeier teve um artigo publicado na revista Educação e Filosofia, volume 7, número 13, em 1993. Título: "Kierkegaard - pessoa e obra - biografia e filosofia". Hoje é possível ler esse artigo on line, na íntegra e em fac símile. <www.seer.ufu.br>

A revista já se aproxima do número 50 e é um sucesso internacional. Quem diria? Eu diria. Publicada bem aqui no umbigo do mundo, no Portal do Cerrado...

Eis o texto de Harbsmeier que nos convém citar aqui, truncado como sói acontecer em ambientes deste naipe: "Nascido em 1757, muito pobre, no cerrado da Jutlândia, tornou-se comerciante, enriqueceu e mudou-se para Copenhague". Claro, essa data não é a do nascimento de Soren Kierkegaard, que escreveu sobre o pai em seus Diários: "Até os 82 anos de idade meu pai não tinha conseguido esquecer um fato terrível: quando criança, no cerrado da Jutlândia. Pobre pastor de ovelhas esfaimado e sujeito a todos os males, do alto de uma colina enquanto cuidava dso animais, lançou contra Deus uma maldição". [Quem quiser que quebre a cabeça com essa: o pai já não continha o Patriarca de Temor e Tremor?!]

O tradutor do artigo de Harbsmeier foi Karl Erik Schollhammer. E eu não faço idéia do termo original para "cerrado" e nem sei se os geógrafos e botânicos concordariam com esse mapa. Talvez seja algo próximo ao "Heide" alemão, também traduzido pelo termo "charneca", que é português e soa muito mal. Preferimos cerrado, mesmo que na Escandinávia não haja nem sucupira, nem pindaíba e nem siriema.

Eu não sei como se diz cerrado em dinamarquês, mas isso não fez muita falta quando estive lá naquelas lonjuras. Importante é saber que cerveja é "Ol" e cerveja forte tipo bock é "Fadol". E os daneses brindam gritando "Skol", que não é u'a marca e nem minha predileta. E eis uma boa deixa para encerrar qualquer papo de filosofia, por mais tangencial e inusitado que possa ser ou parecer. E mesmo que a sexta-feira esteja longe ainda.

Um comentário:

Anônimo disse...

O severino, então, era um caipira ou um retirante?
Belo texto, Bento!