terça-feira, 16 de novembro de 2010

FILOSOFANDO ÀS PAMPAS com ERNILDO STEIN & CIRNE-LIMA

O filósofo do cerrado espera ser lido, como dizia Montaigne, pelo sujeito mediano - mas não medíocre: nem o analfa abestalhado, nem o pedante metido à besta erudita. Uns não sabem ler ou não querem. E outros acham que sabem demais. Querem saber de uma coisa? Eder Jofre só lutava com outro peso-pena. Fair play começa assim: exibir as armas antes do duelo.

Este blog pode servir para duas galeras: os que acham que não existe filósofo no Brasil e os que estão ainda com medo de estufar o peito e dizer com a boca cheia: "yes, eu sou filósofo!" Wie so nicht?

O filósofo do cerrado teve a subida honra de aprender com dois filósofos brasileiros: Ernildo Stein e Carlos Roberto Cirne-Lima. Mas quem os reconheceu como tais? Por exemplo, o filósofo equatoriano, residente em Goiás, Gonçalo Armijos Palácios.

[Ah!... Goiás, Equador...] Lá vem o preconceito, de novo? Palácios estudou quase sempre nos States. Seu orientador foi Milton Fisk. Por coincidência, traduzi texto desse raro comunista norte-americano: "Is democracy enough?" Melhorou agora a credencial?

Pois, então, como eu ia dizendo, Palácios reconhece que no Brasil é possível fazer filosofia mesmo, algo mais que comentar idéias dos outros. Quem tiver coragem pode demarcar como fez Cirne-Lima: "Até aqui é Hegel. Daqui em diante, sou eu falando". E ele falou no livro Dialética para principiantes e em cursos montados em DVD. Um grande achado o seu "Galo da Madrugada", que dá de dez na triste coruja crepuscular de Minerva. É pra cair no frevo do sempre ainda com fantasia de desde sempre.

Stein avançou em Órfãos da Utopia e dezenas de livros. E, claro, em tantos debates públicos e aulas memoráveis da pós, quando moía todo mundo ou... se retirava em protesto. Competência extrema de um "aristotélico onívoro" que não se contentava com amolar eternamente suas facas analíticas.


Não vou contar histórias hoje, baita terça-feira depois de feriadão. E haveria algumas com Stein e seus rompantes, Cirne-Lime e sua fonte de águas em três níveis, num canto do Central Park de Poa. Sim, uma figura em pedra para a velha dialética. Ali onde cantava perdida uma Cariama Cristata do Mato Grosso.

E nem vou anotar o título do livro de Palácios. Não  posso matar a piada do próximo post, que vai fornecer aos incrédulos, inseguros e neófitos três critérios negativos ou "concessivos", tipo assim... você pode ser filósofo, mesmo que não... , nem... e nem....