segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Quer ser filósofo?

 Uma camiseta que sintetiza o projeto apresentado no post anterior.

Claro que esse Russell - que não é piloto de Fórmula Um - não é nada bonito para ser estampado numa T shirt... 


Mas este não é um curso de estética e o tema é nicotina. 





"Ah! Tá bom... Querendo ser filósofo 
e não carrega nem um mísero
cigarro de palha, mermão?" 


Sugestão: em vez ou além de lutar contra o cigarro, 
lute contra as lutas, seja pacifista.
O Bertrand fez campanha contra a Primeira Guerra. 
E vieram duas guerras sangrentas, bestas.
Você luta contra a Terceira Guerra?
Você faz campanha para desarmar as nações beligerantes,
inclusive a poderosa e manipuladora UK?

Comece por xingar a OTAN.

E fume se quiser, ou não fume (querendo ou não).

Bertrand perdeu várias paradas e decerto falhou também 
em ser ateu, em desencorajar religiões...

Mas ser filósofo inclui isso: administrar as frustrações. 

(Fui! Fumar unzinho lá fora...)




(como se pode ver, o arquivo de imagem está 
"corrompido" e eu deixo assim, sintomaticamente assim, 
pois me cansei dessa tarefa insana de postar - pois nem Putin
nem Zelenski vão se impressionar com um 
apelo de paz e amor, bicho...)









sexta-feira, 28 de outubro de 2022

FILOSOFUMANTES

 

ANTEPROJETO 

NON-ANTITABAGISTA

NEM TAMPOUCO APOLOGÉTICO

DESSE VÍCIO ALIADO DE PENSADORES

GERALMENTE CHEGADOS NUM CAFÉ FORTE

E NUM VINHO TINTO SECO

















HANNAH
JOÃO PAULO
JACQUES EL-BIAR
BERT 
WESSEL
JUSTIN
AUTOR DESTE PROJETO 

***

"Fumar daña la salud" 


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

GATOS PARDOS OU: JÁ TENHO UM DISCÍPULO INGLÊS




Na imagem acima, metade da direita

 (e prestem atenção nessa posição ideológica): 

eis o filósofo John em todos os tons de Gray. 

Ao lado dele, a capa de um livro recente saiu aqui recortada de maneira infeliz.

Mas que não venha a galera da bioética, pois não fui eu nem o paintbrush. 

No restante da arte para a capa do livro não muito CATólico, 

estava o referido animal sentado sobre a ponta de seu próprio rabo

 - em uma referência clara à tão explorada escultura de Rodin. 

Mas o pensador aqui aproveita a deixa: 

autores ingleses são do tipo "enrola o rabo e senta em cima"




Livro ou comédia do Monty Python?


A edição em língua (de gato?) portuguesa traz esse subtítulo,
que deixa pensativo o rato de biblioteca: como assim? 
Sentido da vida... Não parece um livro de filosofia política, área que não cobra mais que protocolos, bem aquém da mera referência. 




filoZOOfia 


O termo "filozoofia" foi criado pelo Filósofo do Cerrado, ao final do segundo milênio da era JC. Uma de suas primeiras aparições públicas (suas=do termo, que nunca iria sozinho à feira) foi por ocasião da famosa e festiva "Aula da Saudade" gentilmente preparada para bacharelantes em filosofia, na UFU. 

Se querem data mais precisa e alguns testemunhos, aqui vão em um só parágrafo com cara de penúltimo neste post: ao final do segundo semestre letivo de 2002, bloco U, Campus Santa Mônica. Dentre tantos alunos e alunas de querida memória, estavam, por exemplo, o Prof. Dr. Rubens Garcia Nunes Sobrinho - helenista juramentado -  e os demais na foto de formandos daquela promissora "safra".

Mais parecido com outro animal metido a quase humano, me ponho aqui a demarcar território, sem ser leão de chácara. Quem quiser que use o cavalo e/ou o porco para explicar a atual política de ambos lados do Atlântico. Mas não processo ninguém, pois não preciso de dinheiro e porque não creio em autoria ou originalidade. Mas fiquem espertos, pois o George Orwell já reuniu faz tempo vários deles em sua Animal Farm que mais parecia mistura da arca de Noé com a nau dos insensatos. 

Não li o livro do João Cinza. E espero que ele leia algum meu. E não me impressiono com o spoiler disponível por aí - Gray, filósofo de direita ou liberal, tanto faz - pois já cuidei de Popper e de Hans Albert com certa gentileza acadêmica, o que não acontece diante dos meros gurus da especulação financeira sem um pingo de charme ou de coração diante de animais humanos. E cuidado os  desvios, por falta ou excesso,  nos polos execráveis do modelo de Aristóteles ao definir virtude: nem crueldade, nem zoofilia. 


Wappentier auf Sandkiste 
des Downing Street Haus nr. 10








sábado, 17 de setembro de 2022

CARTAS ENTRE FILÓSOFOS - TINTA SOBRE PAPEL

 Ainda não sei quais vou digitar primeiro, em que ordem, sob qual critério. Por enquanto, apenas a listagem. 


CARTAS – BRIEFEWECHSEL von und an Herr Borges

 

6 5 1982 Bento a Valério Rohden (datilog, copia, 1 f. pede trancamento de matricula)

12 1 1984 Marisa Cherubini (datilografado, com PS. Musse disse que não entendia letra dela – sobre minha nota em exame de língua estrangeira e noticia de Stein e outros)

23 5 1984 Regina (Weber?) Colantoni (?), datilografado, com noticias da Pedagogia, UFU

14 6 1984 Marisa Cherubini, secretaria da pós UFRGS, Porto Alegre (manuscrito, uma folha, sobre vinda de Prof. Antonio Marques, Critica do juízo, Coimbra)

15 3 1985 Marisa Cherubini (manuscrito, sobre bolsa e formulário enviado)

26 3 1985 Bento a Danilo Marcondes (datilografado, Xerox, 1 f, sbore minha dissertação e pedido de bibliografia)

31 3 1985 Danilo Marcondes a Bento, RJ,( em resposta a carta minha do dia 26, manuscrito, 2 folhas; sobre artigos, bibliografia, Habermas, evento no Rio)

19 8 1986 Micheloto a Bento e Frau, Sampa, ( manuscrito, duas folhas, assuntos familiares, pergunta por tio Bagageiro)

16 3 1987 Bento a Barbara Freitag (datilogr, 2 f., sobre planos de doutorado)

10 10 1987, RJ, Flavio Beno Siebeneichler; manuscr, 1 folha, informa que recebeu e leu minha dissertação de MS e sugere que continue tema em DR e pede artigo para numero especial da Revista Filosofica Brasileira, nº especial sobre Habermas.

26 11 1987 Bento a Flavio Beno Siebeneichler, sobre artigo encaminhado on Habermas e uma cantada para doutorado meu no RJ, 89...

26 11 1987 Bento a Alvaro Valls ( datilograf, 1 f., sobre nossa revista Edufilo, enviei exemplar e pedi artigo)

25 1 1989 Bento a Rejane Carrion (datilogr, copia, sobre temas de curso com ela e artigo e resenha que eu publicaria;  Faria; uma cantada pra ela enviar resenha p nossa revista)

26 1 1989 Bento a Stein (datilogr, copia, uma pag; sobre exemplar que encaminhava de minha trad do Geuss, mais planos para doutorado e saudades do ambiente acad Ufrgs)

10 9 1989 Bento a Olinto Pegoraro, UFRJ, from Udi (datilogr, sobre minha particip no evento preparatório da vinda de Habermas)

10 9 1989 Bento a Sergio Pinto/ Cefla (datilogr 1 f, sobre Nucla)

13 10 1989 Bento a Arthur Virmond de L Neto, positivista de Curitiba ( datilogr, 1 f, sobre minha aceitação de convite deles para evento em 90)

6 9 1990 Bento a Maria Cecilia (datilogr, 1 f, sobre minha resenha de livro dela e sugiro nomes de Valls e Rubens RN para coletânea sobre ética q ela ia organizar)

21 9 1990, Aachen, Raul FB a Bento; carta datilogr timbr 1 folha, (sobre planos meus de DR, recomenda CCYdel, do Zea, com endereço)

12 10 1990 Bento a D. Pfeiffer (carta datilogr, cópia; 3 folhas; sobre Dr na Alemanha)

28 10 1990 [a data da carta é 99, mas pelo assunto deve estar errada] Dietmar Pfeiffer a Bento (datilogr em papel timbrado Uni Münster, 1 folha; sobre meus planos de DR.)

30 10 1990, Udi, Bento a Leopoldo Zea, carta datilogr, em español, 4 folhas,( sobre plano de DR no Mexico em tempos de Nucla)

7 11 1990, Udi, Bento a Raul FB; datil 1 folha (sobre planos de DR no Mexico, cita carta enviada a Zea)

16 11 1990, Aachen, Raul FB a Bento, datilogr, 1 folha (sobre convite a ele pra vir a UFU, aceita... para 91 – nunca veio, por falta de agilidade da UFU – a não ser que tenha vindo quando estive fora)

16 11 1990, Aachen, Raul FB a Leopoldo Zea, carta Kopie, 1 folha, timbrada, Missionswiss..., (carta de apresentação de Bento a Zea)

20 11 1990 Bento a D. Pfeiffer (carta datilogr., 5 folhas; sobre planos de Dr)

27 11 1990 Bento a Zea, Leopoldo, México (carta curta, datilogr; sobre fax enviado, cobra resposta sobre Dr – nunca veio...)

28 11 1990, do Cela, Münster Uni, folha longa contínua, ilegível, apagada,  responde fax de 20 11 1990 sobre planos de Dr, cita um tal prof. Eikelpash...

11 12 1990 Diretor do Lateinamerika Zentrum, Münster a Bento (fax, sobre contato com Prof. Pfeiffer e ... ajeitando um lugar pra meu Dr na Alemanha ...)

1 8 1991 Bento a Osvaldo Freitas de Jesus (datilogr, cópia, 6 páginas,  longa analise de nossas relações intelectuais, em torno de... Heidegger inclusive, incl. Ao evitá-lo)

23 4 1992 Bento a Fatima Santos, Poa (datilografada, sobre artigos da Revista Educaçao e filosofia, em que ela trabalhava)

6 5 1992, de Renato Oliva para Bento, manuscr, 5 fohas pequenas, sobre planos acadêmicos, inclusive Kant e Freud, pede que eu envie textos de Levinas

3 6 1992 Bento a Valério Rohden (datilografado, copia em carbono, sobre plano de estudos na Alemanha, carta de recomendação dele, agradecimentos)

23 7 1992; de Bento pra Flickinger; 5 paginas, datilogr, sobre disciplina on Hermeneutik que fizemos na UFRGs, naquele ano ou no anterior.

21 9 1993 Bombassaro a Bento, de Freiburg (postal antigo, com noticias de seu Dr e novo end, q é o mesmo de hans haufe..)

14 12 1994 (?) Hohenbostel, Dona Buchholz para Bento e família; carta familiar com imagem de Natal

29 12 1995 Bento a Türcke, Udi (impresso, 1 f, sobre caps da tese, prontos e por fazer)

24 7 1997 Raul Fornet-Betancourt a Bento (manuscr, 1 f.; em alemao, sobre resenhas minhas e pavonices dele)

9 10 1997, Alvaro Valls para Bento, email curto, sobre minha impossível defesa de Dr na Ufrgs, conforme conversa dele com Stein

15 10 1998, Raanan Rein, Tel Aviv University, para Bento; datilogr, 1 folha, sobre minha intenção de publicar em revista deles

26 11 1998, de Bento para Valerio Rohden; digit, duas folhas; apresento departamento da UFU e convido para escrever na revista eDufilo e para conferencia na Ufu

3 12 1998; de Bento pra Leonardo Vieira; uma folha, digit, convido-o para evento na filosofia UFU

16 12 1998, de Valério Rohden para Bento, email curto, em que concorda vir a UFU e dar uma entrevista pública, com perguntas previamente lidas, etc. (anexo com perguntas preparadas pelo Prof. Marcos Seneda)

17 5 1999 Ricardo Navia a Bento, Porto Alegre, (manuscrito; assunto: artigos)

18 11 1999; de Bento a Valerio Rohden; uma folha manuscr, com assunto acadêmico e familiar (agradeço visita dele a UFU, refiro-me ao Panga e a nova casa nossa, em construção)

26 11 1999 Rodrigo Duarte a Bento (email curto, com endereço de Martin Jay – cessão de copyright de texto traduzido - e agendando conversa nossa sobre minha tese DR)

8 5 2000, Rodrigo Duarte para Bento, email curto sobre curriculum lattes e greve na UFMG

14 6 2000, De Marcia Castro, Defil, para Norma, secretaria da UFMG; confirmando data de qualificação de meu DR, em 15 de junho, 2000 (problemas com a comunicação desde entonces...)

5 7 2000 Muna a Bento, Udi, (Shirley Paes Leme, digitada, confirma minha participação em evento com minha conferência “Pato Donald  e Mickey Mouse na filosofia”)

24 8 2000, Udi, de Ricardo Micheloto para Bento, 1 folha manuscr; sobre evento em Ituiutaba: provavelmente concurso de contos... Sueco seria ele, pseudônimo?

18 9 2000; Micheloto a Bento, manuscr, 1 folha, sobre Livro do Vilela e concurso de contos

25 10 2000, Rodrigo Duarte para Bento, email curto, comenta defesa do DR – ocorridaduas semanas antes - e circunstancias raras

19 11 2000, Sofia Stein a Bento, manuscr, meia pagina, um gentil bilhete , de passagem por Udi, Catolica

21 5 2002, Valerio Rohden para Bento, manuscr, 1 folha peq, sobre atestado que me enviou e sobre meu artigo que ele ia deixar na revista da Ulbra (foi publicado)

23 5 2003, Jayme paviani para Bento, email curto, sobre meu livro do pós-doc, que ele viria a publicar

5 6 2003 Vani Rezende a Bento (email curto, sobre planos dela, bolsa, projeto e meu tempo perdido com trad de Adorno, Satars down on earth)

4 9 2003; Michleto a Bento, datilogr, meia pag., sobre contos e tormentos do tempo e da forma

25 9 2003; Edmilson a Bento; email curto, sobre projeto dele de livro pra homenagear Stein, aos 70 [enviei minha contribuição, talvez sobre melancolia, mas nunca soube noticia...]

8 10 2003 Rodrigo Duarte a Bento, email curto (convite pra banca de Romero)

1 11 2004 Joao Carlos Brum Torres a Bento (email curto sobre meus convites a ele: artigo e aula inaugural de nosso mestrado na UFU; o que não rolou)

22 11 2004, de Caon pra Bento, email curto, sobre minha ida ao Forum social em Poa

24 11 2004 Bento a Ricardo Navia (email curto, sobre  endereços, eleições aqui e lá, UY, anpof)

30 11 2004 Gabriel Setti a Bento (email curto, com endereço para carta de recomendação)

14 12 2004, Luiz Alberto Hebeche; email curto, sobre sacanagens de Capes e Cnpq, com os nomes dos mafiosos

23 12 2004 Bento a Bombassaro (com resposta dele / email; assuntos: Alemanha, artigos, Forum social em Porto Alegre – de fato fomos e nos hospedamos com ele, na Cidade Baixa)

28 12 2004, Gabriel Setti a Bento; email curto; cobra carta de recomendação

5 1 2005 Bento a ISS, Holanda (?) (digit, 1 f., carta de recomendação para Gabriel Setti, em inglês )

16 2 2005, Adriano Naves de Brito a Bento e outros ligados à revista Philósophos (sobre sua editoração, com novo endereço em Porto Alegre – “sobre o meu cadáver” diria depois o Gonzalo Palácios e repetiria...)

8 3 2005; de Bento a Pedro Eustáquio; carta manuscrita, 1 folha, enviada por mãos indígenas e... jamais entregue ao compadre

9 6 2005 Bento a Raul F-B (email + de 1 p, sobre resenha que fiz p ele e pedido p ele resenhar meu livro tese, o que não aconteceu; falta de reciprocidade...)

10 7 2006; de Renata Carone, uma desconhecida da PUCSP, para Bento, autor do ensaio “a figura de Ulisses na dialética do escl”; pedindo cópia

28 9 2007, Alfredo Culleton para Bento, email curto,  agradece parecer meu a artigo para Revista Controvérsia, deles, na Unisinos

16 6 2012, de Bento para Fundaçao de ciência e tecnologia, Portugal, digit, 2 folhas; carta de apresentação para Francielle Vieira

Sem data:

 

2001 a 2008, de Hans haufe

2002... de hans haufe, com o Grillito valeroso no verso

2002... de hans haufe, familiar

2004, dezembro, de hans haufe fala de MG, revista Humboldt, etc.

2004... de Ricardo Musse para Bib, sobre minha tese publicada, passa endereço Rua Tucuna SP

2005... de Isac Nikos sobre tese dele que eu iria argüir

2008, circa, de hans haufe, com modelo de solicitação de vinda dele

2009, depois da palestra na UFU, de hans haufe

2011, De Fabio Coelho, circa 2011, bilhete sobre cordel – Filosofia do paidos - que me enviara de Campina Grande e sobre cachaça e conhaque...

2012, circa. Francielle envia comprovante de trabalho nosso apresentado em Praga (not Braga)

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

UMA CARTA DE RENATO OLIVA


 PARA QUEM ACHA QUE 

FILÓSOFOS NÃO ESCREVEM MAIS,

ACHEI UMA CARTA JÁ DIGITADA 

NO ANTIGO PC.


E TENHO TAMBÉM UMA LISTA 

DAS CARTAS QUE GUARDEI

ENTRE 1983 E 2012.


TALVEZ ME DÊ AO LAZER 

DE DIGITÁ-LAS EM BREVE. 






Udi. 6.5.92

                           

Prezado B.:

 

É um prazer receber notícias suas. Não escrevi antes por absoluta falta de tempo. Mas não esqueci. No final da carta falo dos textos que gostaria que você enviasse. Espero que tudo esteja correndo bem aí no Sul.

Aqui no cerrado as coisas têm ido bem. Tenho trabalhado num bom ritmo e estou concluindo a pesquisa Kant-Freud. A leitura e a reflexão têm me absorvido e feito esquecer um pouco da chatice da “crise”.

 

Em relação ao trabalho, ainda, a leitura Kant-Freud foi muito gratificante e a conclusão tem me levado a alguns pontos possíveis para uma tese de doutorado. Em 1º lugar a correlação entre o mecanicismo de Newton e a Teoria da Relatividade em Einstein. Isto me leva a problemas em torno da História da Ciência. Mas temo que enveredar pela Teoria da Relatividade talvez fosse um tanto quanto indigesto.

 

Em 2º lugar, buscar esta reflexão sobre a ciência ao nível da Filosofia; no caso Henri Bergson. A opção por Henri Bergson tem me parecido mais prática.

 

No mais, tenho tido um bom tempo para a boa leitura e a boa música*, reclamando um pouco do isolamento intelectual aqui do Planalto Central.

 

Os textos que me interessam do Lévinas são os seguintes:

1.       O diálogo judaico-cristão. (não é de Lévinas;  é texto da mesa-redonda)

2.       O desejo em Lévinas e Lacan

3.       Kant e Lévinas

Tenho feito algumas leituras sobre psicanálise, judaísmo, cristianismo.

Bom, estas são as idéias que têm ocupado minhas preocupações de filósofo atualmente. A “episteme” atual, pós-moderna, ou seja lá o que for, é muito chata. A Filosofia nos oferece esta <possibilidade de> volta a #### tempos mais interessantes.

Agradeço a gentileza da remessa dos textos de Lévinas.

 

Abraços a você e família.

 

Renato.

 

[endereço]

(Isto fica atrás do shopping, entre 2 fazendas)

*Renato tinha muitos discos de Jazz, sobretudo de Sarah Vaughn e Billie Holiday

<...> inserção, acréscimo

#### termo rasurado (talvez fosse “novos”)






quarta-feira, 18 de maio de 2022

Um texto sobre Louise Bourgeois que traduzi em 1982

 


“Arte: Uma sensação de experiência feminina”

Uma sensação de experiência feminina – Invocações primitivas que vão além de um emaranhado de ismos




Louise Bourgeois é com certeza a artista menos conhecida que já expôs uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, uma honra normalmente reservada aos Picassos ou pelo menos aos Frank Stellas deste mundo. Ela tem quase 71 anos, é francesa, reside em Nova Iorque desde 1938, e é uma escultora madura sob qualquer definição concebível da palavra. Até bem recentemente, poucas pessoas queriam olhar para seu trabalho e seu reconhecimento era pequeno, pelo menos comparado com a fama que rodeava Louise Nevelson, aquela Abelha Rainha da arte irresistivelmente durável. Bourgeois não pertence a nenhum grupo e era uma solitária completa; seu trabalho parecia ter uma qualidade troglodítica estranha, como algo pálido debaixo de um tronco, o vulnerável produto da obsessão, mas com um ferrão na sua cauda.

Essa qualidade permanece, mas nesse período duas coisas mudaram seu status no mundo da arte. Uma foi o colapso da ideia de que a arte só tem um caminho, a trilha abstrata que avança para a história. Por isso vale a pena examinar o tipo idiossincrático de surrealismo tardio de Bourgeois. A segunda mudança, que a torna ainda mais interessante, foi o feminismo. O campo ao qual a obra de Borugeois retorna constantemente é a experiência feminina, localizada no corpo, sentida desde dentro. “Eu tento, disse ela a um entrevistador, referindo-se a um trabalho, representar uma mulher que está grávida. Ela tenta assustar, mas ela é quem fica assustada. Ela tem medo que alguém invada sua privacidade e que ela não seja capaz de defender aquilo pelo qual ela é responsável”.

Este tipo de assunto está bem distante das preocupações normais da escultura, que se impõe à cultura de uma maneira “masculina”. O que Bourgeois monta é um imaginário surrealista de pequenas ameaças, defesas, covis, ventres, quase incipientes agrupamentos de formas. Sua obra é às vezes agressiva e patética, carregada de sexo e fisicamente desajeitada, tensa e obtusa. Ela emprega um imaginário do encontro para tornar concreta uma sensação de solidão quase inevitável. Em resumo, é fisicamente, mesmo que nem sempre formalmente, um rico material e deve ser motivo de alegria que o Museu de Arte Moderna e Deborah Wye, Curadora Associada, o tenham promovido em uma mostra tão minuciosa.

Os trabalhos mais rigorosos e satisfatórios de Bourgeois tendem a ser aqueles baseados tanto em totens “primitivos” ou formas naturais: pólipos corais, seios, pencas de brotos e cilindros, com suas pontas truncadas e inclinadas em ângulos diferentes, grudados numa plataforma. Eles dão uma impressão de vivacidade pré-conscinte – natureza em marcha. Sua aura se torna um pouco mais sinistra numa grande escultura, Femme-maison ’81, feita em mármore preto: um cacho ondulado de longas formas tubulares, mais para o frondoso que para o fálico, roçando e se empurrando entre si com uma energia irresistível, peculiar, que se empinam em torno de um platô onde repousa um pequeno abrigo, esquematicamente talhado.

Ao mesmo tempo, a imaginação de Bourgeois tem um lado desagradável, nojento, como devem ser os atos reais de exorcismo. As fantasias que sua arte expele dentro do casto espaço da galeria tem tanto a ver com incesto e canibalismo como com as satisfações estéticas mais costumeiras do MoMA. A mais vívida delas, e a mais crua, é um tipo de gruta cheia de estalactites marrons pendulares, intumescidas e com formato de seios. Uma banal lâmpada vermelha brinca sobre elas; no meio há uma mesa, talvez um altar de sacrifícios, e por toda a caverna estão esparramados junto com o que parecem ser pedaços mumificados de carne. Eles não podem ser identificados como humanos; no máximo, eles se assemelham a pequenas pernas de cordeiro. Mas eles fazem pensar na temível caverna do Cíclope Polifemo da Odisseia, coberto de fragmentos de indizíveis ceias. O título é A destruição do pai, 1974.

“É uma peça muito assassina”, aponta Bourgeois no catálogo, com certa insuficiência de expressão, “um impulso que aflora quando se está sob muita pressão e se volta contra aqueles que mais se ama”. O mesmo imaginário aparece de novo, de uma maneira levemente mais distanciada, em seu ambiente de grande sala, Confrontations, 1978. Aqui o espectador é excluído da mesa central, que está coberta de seios, restos de comida cobertos de látex e outros bocados, por um círculo de caixas de madeira. Estas afinam para o alto, como versões dos dolmens em lugares de rituais arcaicos, instigam a serem lidas como efígies abstratas da figura humana: um círculo de observadores, suas costas a esconder a audiência, absorvida em um obscuro ritual.




Alguns talvez possam achar esse imaginário não apenas arcaico, mas decididamente demodê: invocações do ctônico e do primitivo padronizaram a trajetória de modernistas durante três quartos de um século. Bourgeois, todavia, utiliza suas citações primitivas para ultrapassar os convencionais agrupamentos da história da arte moderna – o emaranhado de ismos que nos diz tão pouco sobre o real sentido da arte – e para remexer dolorosamente entre as camadas de sua própria composição. Que equivalentes pode a arte encontrar para pintar a feminilidade desde dentro, distinto das convenções costumeiras de olhá-la desde fora através dos olhos de outro sexo? O que pode ela dizer sobre interioridade, fecundidade, vulnerabilidade, repressão ou ressentimento? Como pode ela proporcionar um substrato diferente de sentidos para o corpo? É para tais questões que a escultura de Bourgeois se volta, nem sempre com êxito mas com uma consistência e uma intensidade chocantes. Algumas delas parecem “não-heróicas”, deficientes por completo, até mesmo incoerentes: mas estes são subprodutos de seu esforço para descrever, por meios surrealistas, experiências que são automaticamente excluídas da arte heroica. Por tais operações, Bourgeois pode ser o sobrenome errado, mas é bom ver uma tal artista conseguindo seu tributo, finalmente.

Robert Hughes




(Revista Time, 22/11/1982, pág. 58; tradução de Bento Itamar Borges, em 1982, com revisão em 2022 – sendo que há leves discrepâncias entre o texto originalmente impresso na revista e o disponível hoje na internet, mas apenas no tangente a títulos de obras de arte citadas no artigo.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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