terça-feira, 5 de julho de 2016

JARBAS MORREU IGUAL UM PASSARINHO

Não, meus senhores; não farei piada com o tipo de morte que se encontrou com Jarbas. Aqui não é lugar para piadas e paródias de mau gosto.

Well, mas posso, sim, especular sobre a espécie de Passarinho a que ele pertencia. Tinha algo do papagaio, pois viveu muito e gostava de prosear na tribuna e admirava uniformes verde-oliva. Podia camuflar-se, à la mode do urutau, pois embora fosse um baita conservador - na turma dos reaças - lograva esconder-se sob as penas do liberal, do intelectual. Mas conviveu com falcões e abutres, desde seu início de carreira militar até seu cargo de Ministro (da Justiça!) no pífio governo de Collor.

Não, Jarbas Passarinho não interessa a esta coluna. O assunto aqui é filosofia. Subtema: de como a filosofia brasileira não prospera (um dos motivos). Para ser breve, jogarei tópicos. Também por falta de conjunções e ressalvas.

1. O filósofo Antônio Paim, que apoiou a ditadura militar, escreveu prefácio pra livro de Jarbas, sobre presidencialismo,

2. O filósofo Tiago Adão Lara escreveu e publicou tese sobre o tradicionalismo católico em jornais de Pernambuco, século XIX,

2.1 O orientador de Lara foi Paim;

2.2 Lara, ex-padre, foi um aguerrido militante dos direitos humanos em Uberlândia (militares e policiais não costumam apoiar essa causa);

3. O filósofo do cerrado escreveu duas ou três resenhas sobre livros de Paim (e criticou linha conservadora dele e de outro jovem conservador ligado a ele, José Maurício);

3.1 o mesmo blogueiro que agora digita coordenava um certo Núcleo de Cultura Latino-Americana, na UFU, quando Paim veio para conferência (pouco depois dos prolegômenos, Tiago também se afastaria dessa configuração "latino-americana" - não era bem aquilo);

4. Paim criou e dirigiu um Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro, que publicou enciclopédia com filósofos, sociólogos deste país;

4.1 Paulo Freire não consta dessa lista (nem Jacob Gorender ou qualquer socialista);

4.2 Lindolfo Collor, pai ou avô de Fernandinho, sim, está na enciclopédia (escreveu o quê?)

4.3 O livro foi publicado pelo Senado Federal, quando ACM o presidia.

(...)

N. O filósofo do cerrado não tem inveja nem ciúmes; jamais espera entrar para a enciclopédia desse CDPB, pois mal conseguiu entrar no prédio da sede, pra ver a biblioteca. Fica em Salvador, lá embaixo, ao lado do elevador que leva ao Pelô. De bermudas eu não poderia entrar no sagrado depósito de livros. Ainda bem 1: o porteiro dispunha de um pijama horrível, com elástico, dentro do qual me meti e fui sapear o acervo (circa 2008); ainda bem 2: mulheres - sobretudo baianas - podiam, sim, entrar de bermuda, de shortinho minúsculo... Quem seria contra? O blogueiro aqui é que não, mermão. E eu lá sou?...

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Sorry. Não vou ilustrar este post. Sem graça como essa história toda.






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