domingo, 5 de junho de 2016


Ponte para o futuro:
de onde teria vindo o slogan do interino golpista?
Fiscalizando o paraíso:
gangsters se escondem por trás desse papo construtivo
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A pergunta outro dia era: de onde esse interino Miguelito tirou o título de seu programa golpista? Uma possível resposta está no que se segue: veio de um esquema criminoso no Caribe, que envolve violência e políticos corruptos.

Fonte: o segundo filme da trilogia Worricker, de 2014. O episódio leva o nome de duas ilhas, Turks e Caicos, que são paraísos (inclusive fiscais) para os bacanas e gringos e, ao mesmo tempo, um inferno para os pobres nativos.

Cartaz do filme da BBC, que prestigia o jornal The Independent
Estamos curtindo Netflix – e esperamos que não degringole como ocorreu com as emissoras de rádio FM e com as TVs a cabo; não queremos pagar para ver comerciais. Um bom filme policial começa assim (e já podemos decidir nos primeiros três minutos se vamos continuar a vê-lo): um xerife ou um detetive está prestes a se aposentar e não quer se meter em encrencas na rua. Mas, é claro que vai sair de sua mesa no bureau e enfrentar tiroteios.

Não é bem o caso desse filme, onde brilha a bela Wynona Rider: nenhum  tiro, poucos palavrões. O único morto levou merecidos golpes de remo - que não foram filmados. Nosso espião inglês não lembra muito o James Bond; Johnny deixou seu carro em Cambridge, é magrelo, tem mais de sessenta anos e mede cada frase que pronuncia. A elegância britânica segue métodos e usa roupa escura. E que livro ele lê na ilha, onde tentava curtir sua aposentadoria? Farewell to arms, de Hemmingway. Muito sutil.

De Joãozinho a Michelzinho. O sossego da ilha vai ser quebrado por um evento voltado a magnatas e investidores. Gladstone, uma empresa que constrói presídios privatizados – onde a tortura é parte do pacote – teria a participação do Primeiro Ministro da Inglaterra. O investidor inglês Stirling joga tênis com o Ministro e dirige também uma entidade de caridade, cuja fachada leva o sugestivo mote de “A ponte – construindo o futuro” (The Bridge – building the future).

Quem quiser e apreciar o gênero, confira. O filme Turks and Caicos foi produzido para a BBC pelo escritor David Hare. A cena em que aparece o panfleto do evento para investidores, com a logomarca, está 14 minutos e 25 segundos após o início do filme.

A marchinha de "A ponte do rio Kwai" já encheu as medidas,
em ritmo de hino dos escoteiros
 
 
Ora, para quem gosta de uma boa teoria da conspiração, foi assim: a sogra do impostor, esse do mandato-tampinha, botou Michelzinho para dormir. A beldade recatada e do lar (ou do dólar?) estourou pipoca e a família veio ver um filme. Cairam nesse, talvez por causa do apelo do mar azul do Caribe. E dali surgiu a dica: “Este título é bom para meu plano. Pegá-lo-ei.”

Miguelito não está com essa bola toda:
a cada semana cai um golpista de seu reduzido ministério WASP
 
 
Tudo bem. Para os demais, que não querem ver ligações perigosas nessa armação diabólica, que faz o Brasil regredir e sofrer, fica a alternativa: foi apenas uma coincidencia. Cá entre nós, I’d rather doubt it. Ou, como disse inesperadamente o grosseiro espião norte-americano, vivido por Christopher Walken: “Don’t insult my inteligence!”
 

"Se lembra do futuro que a gente combinou?...
Hoje só dá erva daninha no chão que ele pisou"

(Chico e Miúcha, em passado recente)
 

 

 

 

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