Ainda em tempo de quaresma, vale lembrar que alguns filósofos vendem mal seu peixe. Dizem que na filosofia as perguntas são mais importantes que as respostas. A editora Brasiliense, desde os anos 80, acreditou nisso e lançou a bem sucedida coleção "Primeiros Passos". Cada título pergunta: o que é isso? O que é aquilo? Tipo, o que é teoria? O que é ética? Na França, obra similar se chamava "Que sei eu?" O primeiro a fazer essa pergunta, em tom malcriado, foi Caim, quando o Criador pergunta pelo irmão Abel.
Um dia, tomando chuva no ponto de ônibus, pensei: se o prezado colega Valls comprou um carro com as quinze primeiras edições de seu livro, porque não eu? E quase enviei uma proposta para a editora fundada pelo Monteiro Lobato: eu poderia escrever o volume "O que é pergunta?"
Crianças não acham graça nessa mania de perguntar por perguntar. Não vêem sentido nisso. E também detestam quando nos perguntam e nós não prestamos atenção: "Paiê, aquilo é o coração do porco? É o coração do porco?" (Resposta só veio vinte anos depois, graças a um VHS caseiro).
Pra variar, gostaria de mostrar que filósofo também apresenta respostas, soluções. E aqui me apóio no grande filósofo brasileiro Leônidas Hegenberg: duas confirmações isoladas da mesma teoria, embora os dois autores tivessem algum contato profissional. De fato, em 1990, em evento dos positivistas de Curitiba, ele me disse que Habermas estava certo quanto a suas expectativas de validade - e para isso trouxe um argumento tipicamente positivista. Ou seria apenas "anti-refutacionista"? Ça vas! Deixa pra lá.
Vamos aos fatos brutos: um dia, mês passado, fui atender um aluno da filosofia. Ele levou seu notebook e... quando abriu o dito computer portátil, notei que usava um dispositivo semelhante ao que eu acabara de instalar em meu laptop. Cansado de brigar com o touch pad, aquele mouse de esfregar dedo, resolvi cobri-lo com um pedaço de isopor de bandeja de salame fatiado. Agora vejo que umas 6 ou 7 folhas de post it também conseguem isolar o calor dos dedos.
Não vamos registrar patente, pois somos os típicos filósofos que desprezam as fortunas fáceis. E também não me venham com aquele papo de que é possível desligar a tal placa de esfregar dedo. Não existe um botão pra isso. E as instruções se perdem na máquina e nas listas de discussão. Um saco. Colar um chumaço isolante foi mais rápido. Bonito não ficou. Mas beleza não vem ao caso. E o importante é nós afastarmos da mera perguntação sem fim.
Um comentário:
Em tempo... Ita fez quadrinho com estória do coração do porco, no estilo dele... na verdade, temos uma versão século XXI - Raoni em POA: "O que é franchising??"... ninguém continua a responder... rsssss
Postar um comentário