segunda-feira, 21 de maio de 2012

NOSSA NADA INOCENTE FILOSOFIA

Eduardo Galeano, em As veias abertas da América Latina,trata do fenômeno do sub-imperialismo ou imperialismo de segundo grau, no contexto da Guerra contra o Paraguai e o século seguinte.  O Brasil está constantemente referido em casos de subserviência ao imperialismo inglês do século XIX e ao imperialismo norte-americano no século XX.
Não causa espanto que o Paraguai tenha outorgado ao Brasil uma concessão petrolífera em seu território e nem que o Brasil fosse, por sua vez, explorado por distribuidoras norte-americanas de gasolina.
Todavia, ficamos meio aturdidos com uma informação sobre filosofia e imperialismo brasileiro – despachada na velocidade característica desse livro incômodo de Galeano:
“A Missão Cultural Brasileira é dona da Faculdade de Filosofia e Pedagogia da universidade paraguaia, porém os norte-americanos influem na universidade do Brasil”. (p. 212, da 6º edição)
A segunda parte é verdade, com referência aos anos da ditadura militar, quando técnicos dos EUA traçaram o esboço da reforma universitária a ser implantada no Brasil – a lei 5692, se não nos engana a memória. Todavia, o início da frase intrigou nosso blog de tal forma que enviamos uma equipe de reportagem a Asunción. E eis o que nossos repórteres encontraram na capital Paraguaia, sem muita dificuldade:
Arriba: "Aqui estava a cadeia pública na época de Francia. Mais tarde se converteu
em Escola Normal e 'Aula'de filosofia a cargo de Ildefonso Bermejo (Séc. XIX)"
Abajo: as letras estão grandes e todos podem ler, sem problema.

Já vimos inúmeras prefeituras que funcionavam no andar de cima da cadeia pública, como em Corumbaíba, Goiás. E também algumas escolas no mesmo prédio da prefeitura, como em Les Bouchoux, França. Mas... uma faculdade de filosofia combinada com cadeia é novidade.
Hoje, a vingança paraguaia assume formas inusitadas, pois milhares de brasileiros vão ao país vizinho para obter um diploma de pós-graduação. Aulas em fins de semana, com passeios pela cidade histórica no domingo à tarde. E não só gente do Paraná. Tem até uns uns cabras de Recife, quase doutores. Nada contra. E longe de nós querer julgar a qualidade dos cursos. Não temos a menor idéia e não somos fiscais da pirataria de CDs nem cigarros. Livre mercado da ALALC.
E sempre há outras modalidades de filosofia, para o gosto do freguês – lá e aqui.

Mas quem disse que a metafísica morreu, seus ingratos?
Nos passeios dos estudantes de fim de semana, de repente é possível ver toda a história do Paraguai nos quatro lados de uma coluna. Por um instante, parece-nos que a história toda é simples, muito simples. Alguns canhões enferrujados, honras militares e a crônica sempre recontada, com novos ângulos.

A guerra acabou.
Jura?
Para nós, algumas lições: a lei seca paraguaia é mais rígida que a nossa – só se pode vender bebida alcoólica a maiores de 21 anos – e a filosofia não é tão inocente quanto pode parecer.

Arte urbana em Asunción: mais bacana que tralhas de guerra.

 
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Uma paisagem surpreendente.
O chaco paraguaio, da região central do país até o noroeste, lembra muito... o nordeste brasileiro: juremas e carnaúbas e cabritos. Não é fácil explicar essa vegetação descontínua. Enigma da natureza. E é hora de proteger também aquele bioma, com os moradores, antes que...
Por aqui, no cerrado, continuamos a apoiar a campanha
VETA, DILMA!
Foi bom ver o programa Globo Rural, do último domingo, com depoimentos e
números de pesquisadores da EMBRAPA e agricultores, que sabem:
podemos aumentar a produção de alimentos, sem derrubar mais árvores.
E merece nosso reconhecimento também o programa político do PSTU,
exibido na semana passada - além de justas causas como a luta por salários nas barragens do norte e a luta por moradia nas grandes cidades (Pinheirinho), brilhou nos últimos 3 segundos do programa a bandeira do
VETA TUDO, DILMA!
E agora a atração do dia, nesta terça-feira (isto aqui é um adendo ao post de ontem): nosso xará Chico Bento.

Valeu, Maurício!

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site da foto do chaco http://www.patazas.com.br

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