Se você fosse não um João Mineiro qualquer, mas um Marciano de verdade, verde e careca, no comando de uma nave muito avançada, não dava outra. É bem provável que viesse sobrevoando a Terra no sentido da cintura, perto da linha do Equador. E decerto daria mais adrenalina voar no sentido contrário da rotação de nosso orgulhoso planeta. Então, depois de tanta água azul e fria do grande oceano, um ponto é Pacífico: você, nobre visitante, iria perceber esta sinalização ali deixada sabe-se lá por quem...
O Candelabro de Paracas indica a direção das intrigantes linhas de Nazca, no Peru. Mistério milenar.
Não precisa ser outro von Daniken pra se arrepiar com esse colibri quilométrico. Não se trata exatamente de retomar a hipótese que equaciona Deuses e Astronautas, numa época que desacredita e desdenha uns e outros, eventualmente em nome de uma antropologia excludente e muito metida, conforme a canção bem feita de mestre Jorge Ben Jor. Mas ainda convém falar do título original do livro: Recordações do futuro. Não é todo dia que você encontra três cidades às margens de dois rios, com duas pontes e outras surpresas. É o rio Garças caindo no Araguaia, ou seja Barra do Garças e adjacências. E ainda tem uma baita montanha, onde a aeronáutica brasileira tem uma base. Achou demais? Os ETs também. Veja.
O vereador Waldo Varjão construiu esse discoporto no alto do morro. E o visitante pode enfiar a cara na janelinha da nave redonda e tirar fotos. Curtições de uma crença que vai virando piada em Varginha e alhures nesses tempos pós-Guerra Fria. Mas nem tudo está perdido nos espaços, pois talvez o lance não seja exatamente esse do turismo receptivo interplanetário. De repente ficamos a esperar esse Godot de anteninhas e linguagem cifrada. Mas ainda podemos sonhar com viagens para outros planetas e lugares remotos, se conseguirmos driblar o lixo dos foguetes que flutua acima de nossas cabeças, claro. Será?
Pode-se perguntar ao cosmonauta "vais viajar para onde?" Mas que tal a idéia maluca de Asimov, que sugere perguntarmos "vamos viajar para quando?" No livro O fim da eternidade, algumas pessoas entram em cápsulas e viajam para o século 2456, por exemplo, para administrar efeitos de mudanças realizadas no século 587 ou mesmo em nosso reles séc XX recém congelado na história acontecida, mas não irreversível, seus ingratos! Sobem e descem no tempo, controlando tecnicamente a misteriosa eternidade desmistificada.
Sim, há um interesse filósofico atual e cativante na conversa sofisticada que esses livros e filmes ilustram e provocam. Trata-se dos argumentos condicionais contrafatuais ou "futuros contingentes" e isso envolve, por exemplo, Leibniz e Deleuze, além de Nelson Goodman e uma galera que dedica os melhores argumentos para falar dos mundos possíveis e... "incompossíveis".
O digitador deste post esteve gastando neurônios juntamente com DJ e Frazão, em recente banca. E o que é um arguição? Fica sempre aquela insatisfação generalizada por parte deste emissor, mas já é um avanço digno de um R2D2 o fato de jogar essa prosa em um blog e não na promessa de um texto coletivo pra dar conta das dúvidas levantadas. Tipo o quê?
Porquê um viajante no tempo não pode se encontrar consigo mesmo? Resposta difícil, que toca em outras más circularidades e na natureza literária e escritural dessas caraminholas.
Uma tese, pra quem goste, daí. Ei-la: certos problemas e soluções da velha metafísica perderam legitimidade e interesse, inclusive com a dissolução do pano de fundo cheio de Deuses e anjos, passando por cima das ficção científica, que também perdeu o bonde para a indústria e para o James Bond, para, finalmente, ser acolhida por uma literatura fantástica e ainda carregada de interesse filosófico, etc. e tal.
O post deveria terminar aqui, com esta bela vinheta, mas recebemos milhares de mensagens, inclusive dos herdeiros de Asimov, que não entenderam a conexão dessa coisa toda e nem a inclusão da foto dos cantores sertanejos. Ora, ora... Muita gente se diz marciana nessa indústria cultural toda, mas quem é que tem um disco para mostrar? Eis a prova, no momento em que os capiaus do pop se preparavam para embarcar no vinil. E de repente aquela estranha boate azul pode ser... Sabe-se lá o quê.
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