Ponte para o futuro:
de onde teria vindo o slogan do interino golpista?
Fiscalizando o paraíso: gangsters se escondem por trás desse papo construtivo |
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A pergunta outro dia era: de
onde esse interino Miguelito tirou o título de seu programa golpista? Uma
possível resposta está no que se segue: veio de um esquema criminoso no Caribe,
que envolve violência e políticos corruptos.
Fonte: o segundo filme da
trilogia Worricker, de 2014. O
episódio leva o nome de duas ilhas, Turks
e Caicos, que são paraísos (inclusive fiscais) para os bacanas e gringos e,
ao mesmo tempo, um inferno para os pobres nativos.
Cartaz do filme da BBC, que prestigia o jornal The Independent |
Estamos curtindo Netflix – e
esperamos que não degringole como ocorreu com as emissoras de rádio FM e com as
TVs a cabo; não queremos pagar para ver comerciais. Um bom filme policial
começa assim (e já podemos decidir nos primeiros três minutos se vamos continuar
a vê-lo): um xerife ou um detetive está prestes a se aposentar e não quer se
meter em encrencas na rua. Mas, é claro que vai sair de sua mesa no bureau e
enfrentar tiroteios.
Não é bem o caso desse filme,
onde brilha a bela Wynona Rider: nenhum
tiro, poucos palavrões. O único morto levou merecidos golpes de remo - que não foram filmados.
Nosso espião inglês não lembra muito o James Bond; Johnny deixou seu carro em
Cambridge, é magrelo, tem mais de sessenta anos e mede cada frase que
pronuncia. A elegância britânica segue métodos e usa roupa escura. E que livro ele lê na ilha,
onde tentava curtir sua aposentadoria? Farewell
to arms, de Hemmingway. Muito sutil.
De Joãozinho a Michelzinho. O
sossego da ilha vai ser quebrado por um evento voltado a magnatas e
investidores. Gladstone, uma empresa
que constrói presídios privatizados – onde a tortura é parte do pacote – teria
a participação do Primeiro Ministro da Inglaterra. O investidor inglês Stirling
joga tênis com o Ministro e dirige também uma entidade de caridade, cuja
fachada leva o sugestivo mote de “A ponte
– construindo o futuro” (The Bridge – building the future).
Quem quiser e apreciar o
gênero, confira. O filme Turks and Caicos
foi produzido para a BBC pelo escritor David Hare. A cena em que aparece o
panfleto do evento para investidores, com a logomarca, está 14 minutos e 25
segundos após o início do filme.
A marchinha de "A ponte do rio Kwai" já encheu as medidas, em ritmo de hino dos escoteiros |
Ora, para quem gosta de uma
boa teoria da conspiração, foi assim: a sogra do impostor, esse do
mandato-tampinha, botou Michelzinho para dormir. A beldade recatada e do lar
(ou do dólar?) estourou pipoca e a família veio ver um filme. Cairam nesse,
talvez por causa do apelo do mar azul do Caribe. E dali surgiu a dica: “Este
título é bom para meu plano. Pegá-lo-ei.”
Miguelito não está com essa bola toda: a cada semana cai um golpista de seu reduzido ministério WASP |
Tudo bem. Para os demais, que
não querem ver ligações perigosas nessa armação diabólica, que faz o Brasil
regredir e sofrer, fica a alternativa: foi apenas uma coincidencia. Cá entre nós, I’d rather
doubt it. Ou, como disse inesperadamente o grosseiro espião norte-americano,
vivido por Christopher Walken: “Don’t insult my inteligence!”
"Se lembra do futuro que a gente combinou?... Hoje só dá erva daninha no chão que ele pisou" (Chico e Miúcha, em passado recente) |
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