Falha técnica: nosso departamento de artes e manhas não consegue inserir imagens novas nestes posts. Mas hoje não faz falta ou não orna. Walmor Chagas morreu. E todos nos lembraremos de sua fisionomia expressiva e forte, com aquela cabeleira sempre branca.
Walmor morreu, foi cremado. Essa foi sua vontade. Suas cinzas foram lançadas na bela serra da Mantiqueira, região que escolheu para morar. Sua vontade foi respeitada. Mas o que dizer de sua decisão de abreviar o trabalho do temp? Não esperou o dia e a hora. Um 38. Mas não se pode chamar essa alternativa de des-espero. Ele já havia dito que esperava a morte, um tipo de morte, talvez grandioso, em um Boeing.
Cícero e Montaigne também associaram a filosofia a isso: a morte. Essencialmente, filosofar é preparar-se para morrer. Nisso Walmor foi filósofo. E além disso, estudou mesmo filosofia. O gaúcho Walmor fez seu curso superior na USP. Filosofia na USP.
Agora, diversos jornais e blogs resumem e repetem a informação: "Walmor estudou filosofia". E logo em seguida todos ou quase todos botam uma mísera vírgula e o terrível "mas", para completar que foi antes o teatro que lhe deu camisa e fama e mulher do ramo. Walmor era filósofo, mas...
Aqui me lembro de um texto em defesa da Filosofia Latino-Americana, de Alejandro Serrano Caldera, me parece: "La filosofía latinoamericana sin más" (ou tout court).
A morte de Walmor não deve ser vista como um porém, devido ao terrível desfecho com pólvora e chumbo. Sócrates foi obrigado a um gesto assim. Veneno, consta. Algum outro filósofo francês recentemente saltou pela janela.
Por duro que seja dizê-lo, o filósofo que virou ator e depois se retirou para as montanhas reencontra-se no fim de tudo com um velho modelo de filosofia, quando a vontade triunfa de alguma estranha forma sobre o sentido (ou a falta dele).
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