Este blog prometeu (acorrentado à velha moral do fio de bigode) e cumpre: de volta ao tema da maquiagem, para que alguém tente a conexão: o que tem a filosofia a ver com isso, the make up? Muito. E isso não é pouco.
Para os mal informados que opõem filosofia (e poesia) a atividades práticas e pragmáticas, cabe lembrar que o pragmati(ci)smo é também uma filosofia: se funciona, é verdade. E maquiagem funciona, tem efeito. Vejam a diferença acima e abaixo. O antes, o depois (e o mais tarde, de volta pra casa).
A coruja é ela. "It's a she", conforme Abu R. Garg. Minerva também: uma deusa. Ela. E decerto vaidosa no Olimpo, para impressionar inclusive papai, de cuja cabeça ela saiu. Um estouro (plim!) e lá estava ela, poderosa. A coruja era sua mascote. E coruja só sai à noite. Umas do buraco, outras, da torre, pois o mundo é cruel. E não se pode sair à noite e muito menos na náite, sem uns cremes e perfumes, acessórios e cartão de crédito.
Por isso, é de um mau gosto a tradução da frase de Hegel que se refere a essa ave como "o mocho de Minerva". Péssima solução, pois se o mocho é macho, já complicou, degenerou. E, cá no cerrado, mocho é um animal sem chifres. Quem quer isso? Aspas. Em tempo, senhor Houaiss: não confunda mocho com troncho. Enfim, a assimetria é a negação dos padrões clássicos de beleza. Por isso, evitem as blusas de uma manga só, mula manca, as saias que tem a frente mais alta que a parte traseira, brinco só em uma orelha, etc. Não saia troncha por aí, dona Minerva. E não beba demais.
Essas duas fotos acima sairam no mesmo dia em dois importantes jornais do país: a Folha de São Paulo e o Correio, de Uberlândia. Discorda? Pois foram os únicos do país que tiveram matérias utilizadas nas provas do ENEM, last weekend, como diria Ibrahim Sued. E faço, sim, merchandising aqui para os dois jornais que assino e leio há decadas - agora leio online.
Pois, então: as duas fotos são da mesma moça, em estilos diferentes. E mesmo quem não liga para a maquiagem e para a filosofia vai querer logo dizer que prefere esta imagem àquela. Estão vendo? Faz diferença. A moça é um blogueira da hora, famosa no momento, nesses contextos que vão sempre desaguar nas colunas sociais. Nada contra. Há pessoas que não se contentam com as "redes sociais" e aparecem em público, carne e osso e muito creme, alguma química e o charme natural.
Prestes a encerrar esta conversa, once and for all, embora nunca devamos dizer que dessa água Perrier não beberemos. No caso, não deixaremos de beber. É que depois de alguma lenga-lenga, querendo brincar com a aproximação dos temas filosofia e maquiagem, encurtei o caminho ao saber de uma marca de produtos para a beleza da mulher que é, justamente: PHILOSOPHY.
E digo mais: cosméticos, cosmos, cosmologia - tudo contra o caos |
Pronto: fim de papo. Philosophy é make up. E make up é Philosophy, para os fãs e os donos do loja. E vejam que não é tão gratuita assim a adoção da marca. Há produtos deles com rótulos que indicam conceitos tão genuínos e puros quanto "graça", "esperança" e "pureza". Coerentes, portanto.
Muitas marcas hoje em dia anunciam sua missão e sua "filosofia". Mas esta marca já é philosophy. Só.
"Me? I'm just a lawn-mower..." (Genesis) |
Para quem busca definição de filosofia eis uma, quentinha:
philosophy is a brand that approaches personal care from a skin care point of view, while celebrating the beauty of the human spirit. our skin care products, fragrances, bath and body products and philosophy gift sets are formulated with scientifically-proven ingredients
E para quem acha que uma empresa só permanece no mercado se aplicar princípios gerenciais estritos e frios, em nome de alguma racionalidade, veja o slogan dessa empresa digna dos "salões de beleza":
philosophy: believe in miracles
Sim, o milagre da beleza, da vida e, sobretudo, da graça. "Ela não anda; ela desfila". Por aí.
Não é qualquer empresa que pode lançar um "release" no frasco: alívio |
Quanto à disciplina acadêmica filosofia, para quem visa diploma e uma vaga na ANPOF, um aviso, a pedido da ANVISA: aprender essa conversa sofisticada dos filósofos é mais difícil que aprontar uma noiva. E uma atividade não exclui a outra. Você aí pode trabalhar no beauty parlor e estudar filosofia. E nada disso dura muito tempo: é preciso chegar em casa e remover a maquiagem, tirar as roupas apertadas. Teorias e interpretações também entram na moda e saem da moda, no campo das vaidades acadêmicas. Perecíveis. Ou efêmeras, tipo um sorriso.
O grande mestre Stein dizia, circa 1983 ou 1991, que "não existe um kit para filosofar". Quem passou pelo cursinho, entenda: não há macetes na filosofia - e muito menos neste blog. Tens que ralar. Mas, vamos abrir algumas exceções, em favor das netas de meu vetusto mestre, de la Selva e de minhas queridas sobrinhas: eis um kit.
Algo assim, na linha do que disse a "Cidinha Lopes": "GIRLS JUST WANNA HAVE FUN" |
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