segunda-feira, 26 de novembro de 2012

AS HORAS E AS VEZES: NOTEN ZUR LITERATUR

CEMITÉRIO BIZANTINO NA BAHIA
que aparece no filme universal "Abril despedaçado"
(foto nossa, com cactus, feita num abril desses, inteiros)

1. Trechos de notas de uma viagem nossa
11 e 12, sexta e sábado
Sem pressa, de Rio de Contas até Jussiape, passando por belo vale fértil, com açude e moleques nadando. Um pássaro preto e laranja, o sofrê, nessas margens do “Rio Ribeirão” ou Paraguaçu. Uma senhora crente e educada confirma a rota do GPS e nos cobre de bênçãos e vai-com-Deus. Fomos com Ele, subindo serra que chega a 1300 metros. Casas de colonos com cacimba que coleta água de chuva. Um tropeiro solitário conduz um burro com bruacas. As primeiras plantações de palma, o cacto que vaca come e o vaqueiro tombém.
Jantar em Mucugê. Pizza por preço bacana. Na volta, o cemitério bizantino iluminado. Leio uns salmos no domingo, tão cheio de belezas louváveis com a paisagem em volta. E leio João Rosa, sobre seus jagunços, a hora e a vez de cada um. E creio nisso. “Eu vou para o céu, nem que seja na base do porrete!”
(...)

<Capão da Volta (em geral, sem)
Jussiape>
(placa furadinha de bala - foto by Selbstgebaut)


2. Trechos da história do João Rosa, depois recitada para o Véio Olavo e a Dona Nedina

(...)

E seu Joãozinho Bem-Bem, que, com o rabo-do-olho, não deixava de vigiar tudo em volta, virou-se, rápido,
para o Epifânio, que mexia com a winchester:
— Guarda a arma, companheiro, que eu já disse que não quero essa moda de brincar de dar tiro à toa, à toa,
só por amor de espantar os moradores do lugar!...Vamos chegando! Guia a gente, mano velho. 
(...)
E a casa matraqueou que nem panela de assar pipocas, escurecida à fumaça dos tiros, com os cabras saltando
e miando de maracajás, e Nhô Augusto gritando qual um demônio preso e pulando como dez demônios soltos.
— Ô gostosura de fim-de-mundo!...

(...)
A coronha do rifle, no pé-do--ouvido... Outro pulo... Outro tiro... Três dos cabras correram, porque outros três estavam mor tos, ou quase, ou fingindo.

E aí o povo encheu a rua, à distância, para ver. Porque não havia mais balas, e seu Joãozinho Bem-Bem mais o Homem do Jumento tinham rodado cá para fora da casa, só em sangue e em molambos de roupas pendentes. E eles negaceavam e pulavam, numa dança ligeira, de sorriso na boca e de faca na mão.

— Se entregue, mano velho, que eu não quero lhe matar...
— Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho Bem-Bem...
— Mano velho! Agora é que tu vai dizer: quantos palmos é que tem, do calcanhar ao cotovelo!...
(...)
(A hora e vez de Augusto Matraga - Guimarães Rosa)


3. Da capa da Folha de São Paulo, em 26/11/2012
Efeitos da campanha por "ficha-limpa"
(Sujou)

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Byzance





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