segunda-feira, 4 de junho de 2012

EM BRASÍLIA, DEZENOVE HORAS


O Filósofo do Cerrado foi a Brasília. E agora faz um relato desde quarta-feira, dia 30 de maio, até segunda-feira, 28, com uma terça no meio. Rewind.

Clear Waters no Planalto, pois Brasília é sobretudo arquitetura

Mas antes sugere aos leitores deste blog um fundo musical adequado: Gal Costa cantando o longo refrão tropical psicodélico profético: "mas da próxima vez que eu for a Brasília, eu trago uma flor do cerrado pra você". No youtube, com flores, em

Ou, na versão curta, em preto e branco, aqui:

Cena 1 - Qua
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Biblioteca em Brasília
Um passeio pela Esplanada dos Ministérios. Depois de tantas passeatas ruidosas. Trinta e oito anos depois da primeira ida. Novidades na paisagem da capital candanga.
Oca

E, de concreto mesmo, ficou a nova cúpula, desenhada ainda pelo renitente Oscar, hoje viarando maquete de si mesmo.
Escultura de Bruno Giorgi. Ao fundo, Volpis.

E lá dentro uma fantástica exposição de arte: concretismo brasileiro. Bela redundância, com Oiticica, Volpi, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Lygia Pape, Willis, Wladyslaw e muitos outros artistas.

Lygias
De graça. E cumpre sua função o novo Museu, entre a Catedral e a Biblioteca. Crianças, com a professora que ensina a olhar objetos de arte.

João, by Ceschiatti

Trabalhadores rurais, de longe muito longe, com o boné da Contag, admirando imagens e objetos, diferentes do belo natural e das demais culturas.

18º GRITO DA TERRA
E, lá fora, trabalhadores rurais em sua manifestação anual: o 18º Grito da Terra. Gritam por terra, trabalho, liberdade, financiamentos para a agricultura familiar, educação no campo. E gritam contra a violência no campo, contra o trabalho escravo, contra o desmatamento.
ATO contra O ATO MÉDICO:
máfia de branco não!

Perto dali, outro grupo grita: pelo sim e pelo não. Outro caminhão de som, muitos jovens com camisetas pretas. Manifestam-se contra o Projeto de Lei do Senado nº 268/2002, que favorece médicos e prejudica psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e demais profissionais da área da saúde. "Sim à saúde. Não ao ato médico!"

O congresso, a segurança, o aviso: "De bermudas, não pode entrar, meu senhor". Ok, seu guarda... Um dia eu venho de terno e gravata, chique (...e sem esse boné da cachaça Salinas) e vejo o congresso por dentro. Bom ser abordado como cidadão comum, tratado de maneira educada. Só passeando e fazendo fotos com celular.
E começava também, na sombra das árvores de 50 anos uma assembléia de servidores públicos do DF. É gozado apoiar a greve dos outros.
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E um achado esse ângulo: um implemento agrícola perto do Teatro, a terra do cerrado revirada. Ao fundo a Praça dos Três Poderes e, no entremeio o acampamento dos rurais - Grito da Terra arada bem ali.

Terra arada, implemento, gramínea, manifestação, Congresso, céu do chapadão.

Último dia de um evento de Filosofia em Brasília. Será que a filosofia escapa das manifestações? Será que estamos livres da luta corporativa?

O ato médico provoca uma ação política, um apelo às categorias de trabalhadores. A sociedade precisa saber quem planta a comida, além da soja e da cana.

E a filosofia queria sair ilesa, como se a UnB não estivesse a três km daquele grande gramado, que já começa a secar.



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Mais dois capítulos, amanhã e depois.

(Pois esta semana vai ser mais curta ainda que a clássica semana dos políticos em Brasília)

2 comentários:

Maíra Selva disse...

Foto 1. Legenda: Alecrimstrasse, Selvas Place...

Bento Itamar Borges disse...

Hundertwasser, number so un so?
That's where I live...

León! Léón! León!

(te vejo no "profi" do Luc Besson)

BB