Pelé deixa hospital
após ser operado à anca
Assim foi dada a notícia em um jornal português. Pelé é o rei da bola. O rei Pelé correu muito, driblou, fez 1200 gols. E de vez em quando pisou na bola. É claro que não queremos ver nosso rei sofrendo e estimo suas melhoras reais. Mas, eis a verdade, caros ouvintes de nossa gazeta esportiva: Pelé virou o pé porque pisou na bola. Realmente, o rei não precisava aparecer nessa campanha do agronegócio. Pegou mal ver o melhor jogador do século XX ao lado daquela dona de fazenda e de outros lobistas do latifúndio. Pisou na bola, torceu o pé, saiu coxeando.
Pelé nao tinha que encher a bola da UDR, que agitou o meio político contra o código florestal. Pelé não precisa de grana e nem de promoção. Logo ele, que ficou famoso em uma área verde de meio hectare: 50 metros por 100. Pelé não precisou de latifúndio para encantar o mundo. Se te procurarem, não tem que dar bola, meu caro Edson Arantes.
Então, meu caro Rei Pelé, você bem que podia fazer campanha em favor da pequena propriedade rural - produtiva e diversificada. Para driblar a fome das famílias. Ao contrário da monocultura da grama, sobre a qual batia um bolão, o “campo” de plantio fica bonito e sadio, com a diversidade de culturas e uma boa faixa de mato nativo, eternamente no banco dos reservas.
A medida de uma datcha russa é bem menor que um campo de futebol de grama, uns 600 metros quadrados. E decerto um noivo inca ganhava do deus Sol, pelas mãos do rei, uma gleba menor que essa por onde correm vinte e dois marmanjos atrás de uma bola.
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EDSON ARANTES FEZ MUITO DINHEIRO
POIS CULTIVOU SEU TALENTO NA PEQUENA ÁREA
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FILOSOFIA CASCUDA E RETORCIDA
Seção de Ética, sub-seção “Mundo véio tá perdido”
Cantora Fiona Apple cancela turnê no Brasil por causa de Pitbull
Em meados de novembro, a cantora norte-americana Fiona Apple fazia uma contagem regressiva em sua página no Facebook “13 dias para o Brasil”. Ela estava ansiosa pela turnê no país, com shows marcados em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, que aconteceriam na última semana do mês. Conhecida no meio indie rock por seu trabalho musical, ela passou a ser assunto também entre os apaixonados por animais. (...) [Correio de Uberlândia - 2/12/12]
OBSERVATÓRIO ROMANO DA IMPRENSA FAIT DIVERS: Viram só? Vocês também caíram na pegadinha do título? A cantora não foi mordida por um pitbull. Ela tem é um bom coração (ein Herz für Tiere) e os fãs hão de compreender sua bela atitude. E a dona Fiona chama nossa atenção, pelo contraste. Três contra-exemplos: uma criança morreu ao cair de um balanço em um parque paulista, mas a direção manteve os brinquedos em funcionamento, "em respeito ao público". A irmã de G. Lima teve um acidente, com morte (da afilhada dele, me parece) e... o cantor do tchererê-tchê-tchê tocou o show, por... respeito ao público. E até nossa querida dupla Milionário e Zé Rico seguiu a cantoria com suas gargantas de ouro, depois que o palco desabou em alguma feira de bois gordos. E dava pra justificar? Sim, de novo, em nome do respeitável público.
Eu sei que o colega Alcino poderia ponderar diferentemente, com apoio na mais atual ética cognitiva. Mas eu prefiro citar Tião Carreiro: "Mundo véio tá perdido." Pra quem não apricêia o rasqueado, sugiro Chico: "Morreu na contramão, atrapalhando o trânsito."
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Seção premeditando a semântica
na fase "alimente seu tamaguchi"
(com uma boa dose de Pustejovsky, por exemplo)
"Um acidente na manhã desta segunda-feira (22) matou duas pessoas e deixou uma ferida na BR-050, no km 124, entre Uberlândia e Uberaba. (...)" [Correio de Udi]
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Delegada de Alagoas, sobre profeta envenenador que previra o fim do mundo e queria levar uma galera para o cemitério: “O profeta era um charlatão e previu o fim do mundo, o que, como se pode ver, não ocorreu...” [algum canal de TV, outubro de 2012]
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E atenção, amigo ouvinte! Aqui quem fala é o Orson Welles:
se você estiver me ouvindo pelas ondas da ZYR4, da Rádio Not Yet,
é porque o mundo não acabou em 2012. |
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E esta, que vai merecer uma ilustração original:
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[rumo ao hexa, mas sem histeria]
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